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12 anos depois, Portugal tem segunda chance e conquista a Eurocopa

Após frustração em 2004, jogando em casa, a seleção portuguesa chega novamente à final e levanta seu primeiro troféu europeu; Rui Patrício fecha a meta e Éder sai do banco para a glória;

Jogadores comemoram o gol de Éder (Foto: site UEFA)

Foram 12 anos de espera, de gosto amargo, de sofrimento, de luta, mesmo não sendo uma grande força do futebol europeu. A taça européia, enfim, veio, mas não foi nada fácil. O cenário foi bem parecido com aquela final no Estádio da Luz, muito sofrimento e ele, Cristiano Ronaldo, fazendo de todo o possível para trazer essa taça, mas não foi o suficiente. A frustração veio, o choro veio, a decepção veio e desde então ele vem tentando, juntos aos seus companheiros, tentando de todas as formas buscar esse sonho.

Em cada Eurocopa seguinte, a luta era grande, mas a seleção ficava na semifinal, sempre batendo na trave. Entretanto, não havia desistência, não faltava entrega, mesmo quando a técnica era mínima. Tanta insistência tinha que dar resultado, tinha que ser premiada. E a hora não poderia ser melhor. Rui Patrício, Pepe, André Gomes, Nani, Quaresma em grande fase, Cristiano Ronaldo no auge, além das surpresas Renato Sanches e Raphael Guerreiro. Essa era considerada uma das melhores seleções de Portugal de toda a história, ao lado gerações de Figo e Deco e de Eusébio. Entrou na Euro como uma das favoritas, a principal em seu grupo, desenhando um cenário totalmente favorável para Portugal, porém, não foi bem assim.

Fernando Santos foi o principal nome dessa conquista. (Foto: site UEFA)

Começa a Eurocopa, todos esperam um atropelo em seu grupo, com Cristiano Ronaldo em busca incessante de recordes. 3 empates, isso mesmo, 3 empates, com Nani, Quaresma e Renato Sanches sendo os destaques e salvando Portugal, com Cristiano Ronaldo aparecendo só no último. O cenário muda totalmente. Portugal vai às oitavas sem merecer, totalmente contestado e com razão. De cara enfrenta a sensação Croácia, com Modric e Rakitic em grande fase. O estilo muda, o favoritismo muda de lado. Mas Quaresma salva, no apagar das luzes, quando os pênaltis eram inevitáveis. E ele, CR7, ali, em segundo plano, dando o chute que resultaria no gol do camisa 20, como um coadjuvante. Vamos às quartas, contra a Polônia, outra grata surpresa. Kuba surpreende, mas o garoto Renato Sanches leva para os pênaltis, resultando no momento mais emocionante. Mesmo mal tecnicamente, Cristiano chama João Moutinho, incentiva o cara a bater, porque ele é bom, ele vai fazer, e fez. Rui Patrício o pegou e novamente as semis, contra País de Gales, pela terceira vez seguida uma surpresa, com Bale liderando, tanto tecnicamente como psicologicamente.

Não tinha jeito, o cenário se tornava ainda mais desfavorável. Pepe ausente. Era tudo ou nada. E foi tudo. Portugal, enfim, estreou na Euro. Cristiano Ronaldo e Nani garantindo o passaporte à final. O comportamento tático e o conjunto terminou de carimbar. Por outro lado, aguardava a anfitriã ou a atual campeã do mundo. Já era dada como vice-campeã. “A final antecipada é entre França x Alemanha” muitos diziam. E quis o destino que fossem os donos da casa, assim como em 2004. Começa o jogo e vem o grande baque. 8 minutos e Cristiano Ronaldo sofre uma falta de jogo que custaria a sua titularidade. Saiu, chorou, tentou, voltou, não deu. O grande líder não suportou e deu lugar à Quaresma. Realmente tudo estava contra. Em 90 minutos, só dava França, mesmo com os craques Griezmann e Pogba abaixo, Sissoko roubou a cena, entretanto, Rui Patrício e Pepe se superaram, jogaram por CR7, Eusébio, Figo, Pauleta e garantiram o 0 a 0, com direito a chute de Gignac na trave, no último minuto. Não tinha jeito, era o momento. Teria de ser. Fernando Santos fez sua parte, motivou, modificou. João Moutinho e Éder. Portugal melhora, mas não acerta o gol. O juiz ainda erra ao marcar mão de Koscielny, na entrada da área, quando na verdade foi mão do camisa 9 português. Cobrança de falta na trave, não poderia entrar, não poderia ser assim. O segundo técnico já tinha profetizado: “O gol é seu Éder”. E foi. Uma bomba de fora da área, rasteira, no canto. 1 milhão de portugueses “franceses” em festa, 11 milhões em Lisboa, alívio de Ricardo Carvalho, choro de Cristiano Ronaldo, sorriso de Renato Sanches e vibração de Pepe. O sonho se realizou, o tabu de 41 anos se encerrou e a alegria estampou os rostos de cada português, desde Eusébio, que está lá no céu, até o pequeno garoto, que há 12 anos, pediu a Deus uma segunda chance e foi atendido. Parabéns Portugal!

Estou muito feliz. Era algo que já buscava há muito tempo. Desde 2004, pedi sempre a Deus que me desse mais uma oportunidade, porque os portugueses merecem, os nossos jogadores merecem. Hoje, tive a infelicidade de as coisas me correrem mal, porque me lesionei nos primeiros minutos. Mas eu sempre acreditei que esses jogadores têm valor e capacidade, na estratégia do nosso treinador para poder ganhar da França. E conseguimos ganhar. Estou muito feliz. É um dos momentos mais felizes da minha carreira. Sempre disse que precisava ganhar algo por Portugal, para entrar na história. E consegui. Graças a Deus, as coisas correram bem. Quero agradecer aos meus colegas, ao nosso treinador, toda a estrutura que esteve presente no Europeu. todos os portugueses, todos os imigrantes que vieram conosco desde o princípio. É um momento único para mim e para todos os portugueses. É um momento ‘inolvidable’!” (Foto: site UEFA)

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