Entrevista com o meia Pedro Carmona, do Suwon FC, da Coréia do Sul

Pedro Carmona da Silva Neto, nasceu no dia 15 de abril de 1988 na cidade de Porto Alegre (Capital do Rio Grande do Sul). O atleta teve passagens por Palmeiras, Criciúma, Náutico e São Caetano, atualmente está no Suwon FC, da Coréia do Sul. Conhecido e reconhecido pela sua habilidade de assistência e arremate para o gol

Agradecimento: Bruno Herter, intermediário na negociação de Pedro Carmona na Coréia do Sul.

 

1-Nasceu no dia 15 de abril de 1988 na cidade de Porto Alegre-RS. No início atuou por Juventude e Internacional (B). Quais são as principais diferenças em se atuar num grande clube do interior e da capital gaúcha? Como é ver duas equipes que em anos anteriores estavam na Série D e A, agora estarem na mesma divisão?

R: Quando joguei pelo profissional do Juventude o clube estava na A, foi em 2007. Vejo o futebol hoje muito igual porque clubes menores descobriram uma forma de igualar a parte física mesmo com estrutura muito abaixo dos grandes clubes. Não tem mais bobo no futebol.

 

2-Entre 2009 e 2011, vestiu as camisas de São José-RS, Figueirense e Criciúma. Diga-nos sobre suas passagens nas equipes? Qual destas equipes teria vontade de retornar se tivesse oportunidade?

R: No São José foi onde eu realmente surgi pro futebol profissional. Trabalhei com o Argel e ele foi uma pessoa extremamente importante para minha carreira. Gostei demais de jogar no Criciúma e Figueirense, voltaria pra ambos os clubes. No Criciúma, infelizmente as pessoas que conduziram minha saida do clube para o Palmeiras, queimaram minha imagem por lá. Não nego que queria me transferir pro Palmeiras, mas não da forma que foi. Fui muito mal orientado.

 

3-Chegou ao Palmeiras e teve poucas oportunidades. Consideras o principal ponto da sua carreira sua ida ao alviverde? Como é a estrutura e a torcida da equipe? Fale-nos sobre o seu gol contra o Ajax em 2012? Por qual motivo não conseguiu sequência no clube?

R: O Palmeiras foi o maior clube que passei, entretanto realmente tive poucas oportunidades. Talvez não estivesse pronto ainda e eu tinha que ter mais paciência. Eu não tive na época. Muitas pessoas falam que dei “errado” no Palmeiras, mas eu não vejo assim, joguei apenas 2 partidas como titular. Uma em 2011 contra o Santos na Vila e outra no Paulista de 2012. Entrei algumas vezes e oscilei nesse poucos jogos e poucos minutos em campo. Acredito que não dei certo, contudo também não dei errado, difícil julgar alguém dessa forma, queria ter feito muito mais pelo Palmeiras porque foi um grande sonho realizado.

Imagem: SE Palmeiras.

 

4-Entre 2012 e nesse ano atuou por alguns clubes do interior paulista (São Caetano, Grêmio Novohorizontino, Oeste e Osasco Audax). No São Caetano foi onde conseguiu um maior número de jogos, o que facilitou na adaptação ao clube? Fale sobre o atual momento do Azulão? Quais os principais pontos positivos de se jogar nos clubes do interior paulista? Tem 11 anos de carreira e 14 times, tens talento, mas não consegue se firmar nas equipes, sentes falta disso?

R: O São Caetano tava com um baita time em 2012 e fizemos 71 pontos no brasileiro da B e não subimos por numero de vitorias. Foi totalmente atípico não subir com essa pontuação. No ano de 2013 a diretoria se perdeu e desmanchou o baita time que tinha sem motivo algum e pagou caro pelo erro. Os times paulistas são muito bons para disputar o estadual, é um nível bem acima dos demais regionais. E passar por muitos clubes no Brasil virou rotina e isso não serve só pra mim, mas pra grande maioria de profissionais. Existem exceções apenas na 1ª divisão, o restante passa a mesma coisa. Planejamento 0 e muitos clubes com atrasos salariais e ai quando pedem renovação pedem também que o atleta abra mão do que ficou pra trás dificultando o acerto. Todos sentem falta de estar em um lugar que gosta, ficar se mudando e começando tudo de novo com frequência é muito chato, no entanto fiquei no Náutico por dois anos (2014 e 2015).

 

5-Teve passagens por Náutico, Vila Nova e Fortaleza. Define suas idas a cada clube? Como é atuar no futebol do Nordeste e do Centro-Oeste? Por que no Náutico conseguiu o maior número de gols na sua carreira? Para você, é melhor estar no jogo decisivo da Série C ou na briga para se manter na Série B? E por qual motivo?

R: Posso falar que gosto demais do Náutico. Vivi um momento muito intenso lá e diversos sentimentos. A forma como um diretor me tirou de lá me deixou muito abalado e pensei em deixar o futebol. Sentia que tinha uma missão maior e me impediram de buscar isso. Vila Nova foi uma passagem extremamente curta e não tenho o que falar do clube goiano. Fortaleza apesar de curta passagem conheci grandes pessoas, um presidente incrível que vou torcer muito pra que de certo no futebol. Pessoas puras e honestas como ele estão em falta nesse meio e ele merece esse acesso pra B pra coroar o seu trabalho junto com o grupo de caráter que formou pra vestir aquela camisa que tem uma torcida gigante e faminta pelo sucesso.

Imagem: Ademar Filho / Futura Press.

 

6-Na última temporada acertou sua primeira saida do futebol nacional, indo para o Suwon FC. Quais são as suas expectativas no clube e pessoalmente? Como é a sua adaptação na Coreia do Sul? Quais são as principais diferenças entre o futebol sul-coreano e brasileiro? Faltava para você essa experiência internacional para realização na carreira?

R: Tava querendo sair do país faz um tempo. As coisas no brasil estão muitos difíceis, não só no futebol como nessa política vergonhosa que comanda o país por tanto tempo. To gostando muito daqui, eles tem tudo. Eles tem que melhorar um pouco a mentalidade pro futebol, apenas isso. Quero e to fazendo de tudo pra dar certo, não é simples, porém estou confiante que possa fazer mais alguns gols e assistência pra me firmar no mercado asiático. A comida deles não é muito boa e colocam muita pimenta nas coisas, mas o país é muito desenvolvido então tem comida de outros países e dá pra se virar tranquilo. Achei que a população falasse mais inglês, todavia não é bem assim. Aprendi algumas palavras chave pra se virar e com os estrangeiros do time nos comunicamos em inglês. O futebol aqui é extremamente veloz, eles correm muito e marcam muito forte. Tem que pensar bem rápido pra não ser surpreendido. O ruim disso é que eles não cadenciam o jogo quando é necessário. Correm o tempo todo e isso gera muito erro e desgaste. Faltava sim, mas ainda não acabou. Quero continuar fora do Brasil, se possível.

 

7-Qual o seu conselho para a nova geração de meios-campistas no nosso país? Ao mesmo tempo fale sobre os treinamentos e o esforço que é ser jogador de futebol atualmente. 

R: Dizem que não surge mais meio campistas clássicos no brasil, mas isso é a maior mentira que existe no futebol. Tem aos montes, mas não usam mais essa característica. Preferem um burro que corra muito e que cumpra bem a função defensiva. Então meu conselho pra quem tem essa característica nas categorias de base é: Tentem se adaptar o mais rápido possível a esse futebol moderno e entrem na área, procurem fazer gols por que é isso que vai te manter no time. Caso contrário, por mais qualidade que você tenha, vão preferir o burro que corre mais que você.

Imagem: Assessoria Criciúma E.C.

 

8- Uma mensagem para os colunistas do site mercadodofutebol.net.br?

R: Obrigado pela oportunidade de falar um pouco da minha carreira e também dar uma opinada sobre o futebol atual. As vezes é bom expor a visão de cada atleta para que gere um debate sadio em busca de novas ideias!

Deixe seu comentário:

Jean Lucas

Criador do site Mercado do Futebol, jornalista em busca de aprimorar-se.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.