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“Aqui dentro da minha casa não!”

Anderson Stevens/Folha de Pernambuco

O oitavo e último confronto entre Sport e Santa Cruz no ano do centenário de um dos maiores clássicos do país. Uma partida eletrizante, com um desfecho inimaginável que fez, sem duvidas, desse último encontro um dos melhores clássicos das multidões.

Posso dizer com toda certeza, que a Ilha do Retiro protagonizou um dos maiores e melhores confrontos da história desse clássico. Disputado e acirrado do começo ao fim, com direito a oito gols marcados, reviravoltas sensacionais, brigas entre jogadores e golaço; O Sport se deu bem, conquistou o sexto ponto diante do tricolor nesse campeonato, mais uma vez instalou a crise no rival e ainda saiu como o ‘Campeão do centenário’.

Para falar sobre o jogo, o primeiro tempo pode se resumir na velocidade do atacante Keno, que abriu o placar aos seis minutos, e na ineficiência do Sport na finalização, que desperdiçou algumas chances claras de empatar e até mesmo virar ainda na primeira etapa. Porém, não tiro o mérito do arqueiro rival, que como de praxe, fez três defesas incríveis e deixou muito rubro-negro desacreditado.

Como se não bastasse terminar a primeira etapa atrás no placar, logo aos quatro minutos da etapa complementar, João Paulo acertou um chutaço, fazendo com que todos aqueles pouco mais de 12 mil espectadores sentisse um ‘Déjà vu’ do que acontecera alguns meses atrás pelo campeonato pernambucano. Contudo, não era essa a história que Durval queria contar para a sua filha ao chegar em casa, em um dia tão importante, o Sport não poderia sair dali sem pelo menos tentar reagir. E o gol que o xerife havia desperdiçado no primeiro tempo, foi feito na hora certa, logo após o segundo gol coral, foi ao meu ver o gol mais importante, pois deu animo a torcida que já estava abalada e fez a equipe acreditar que seria possível. E foi. No grito e impulso da torcida o primeiro empate veio, aos 24 minutos, Rodney Wallace recebeu cruzamento do colombiano Ruiz e marcou mesmo sem ângulo, para alivio da nação leonina. Mas esse alivio não durou muito, pouco tempo depois um tal de General colocou o Santa Cruz mais uma vez na frente.

Mas aqui não, virar na minha casa? Claro que não! Aos 34 minutos, Ruiz que havia dado o passe para o primeiro empate, recebeu cruzamento do embaixador de 87 e empatou de cabeça -E só pra constar, mais uma falha do arqueiro rival que felizmente não repetiu a atuação do primeiro tempo.

Depois do 3×3, em um lance entre Apodi e Derley, o juiz marcou falta e amarelou o atleta rubro-negro. Diego Souza, por algum motivo tomou as dores e foi pra cima de Derley – que desde os jogos pela sul-americana vinha enchendo a paciência do camisa 87 – e disse as seguintes palavras: “Eu e você vamos resolver lá fora…” o tricolor aceitou a provocação e os dois acabaram sendo expulsos. Diego estava tomado pela fúria e teve que ser contido por Everton Felipe ou o clima ia esquentar ainda mais, só que dessa vez de forma negativa.

Confesso que lembrei daquela briga com o Domingos quando o camisa 87 vestia as cores do Palmeiras, pensei até que a cena da rasteira ia ser repetida quando Diego voltou, mas felizmente o veterano foi contido pelo juvenil.

Voltando a partida, depois dessas lamentáveis cenas, o Sport incorporou o verdadeiro espirito de Leão e com todo gás foi para cima. Aos 44 minutos, o talismã de Oswaldo, Vinicius Araujo, recebeu bola de Ruiz e só teve o trabalho de esticar a perna e empurrar para o fundo da rede. Pela primeira vez, o Sport estava na frente. E não terminou por aí, Everton Felipe também queria deixar o nome dele nessa partida histórica: O camisa 97 recebeu bola de Vinicius Araujo, viu o goleiro rival mais uma vez mal posicionado, mandou uma linda bola de cobertura e correu para comemorar o quinto gol leonino junto do seu amigo que estava observando a partida da entrada do túnel.

Que clássico! A rivalidade natural que existe entre rubro-negros e tricolores, ganhou na tarde de ontem um capitulo histórico, que será sim lembrado por muito tempo. Inclusive, peço aqui licença para definir esse jogo como Clássico das Emoções, pois emoção foi o que não faltou nessa partida.

E para finalizar, deixo os seguintes dizeres do polemico Diego Souza:

“… Aqui dentro não! Tem que respeitar, vai virar a cara na casa do c***, com todo respeito. Aqui dentro não! Cantar de galo aqui dentro da minha casa? Nunca!”

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