O que é ser palmeirense?
Eu não nasci na fila de 16 anos, não vi a primeira nem a segunda Academia com Ademir e cia. Não chorei com o pênalti de Evair em 93 nos tirando da fila, nem tanto vi um Brasileiro do meu time, não gritei quando fomos campeões da Libertadores, não xinguei quando Marcos falhou no Japão, nem infernizei meu amigo corintiano depois da defesa do São Marcos no chute do Marcelinho Carioca na semi – final da Libertadores de 2000, não tive a sorte que meu pai e meu avô tiveram, as vezes passa pela minha cabeça se sei o que é ser palmeirense.
Eu nasci em 99, não tinha idade pra entender o rebaixamento de 2002, mas em 2008 eu ri com o chororo do Valdivia em cima do vizinho de muro na semi do Paulista daquele ano, pulei com o gol do Betinho no Couto Pereira na final de 2012 e desabei meses depois amargurando rebaixamento, tomei um remédio pra me acalmar depois do pênalti do Henrique “Ceifador” salvador em 2014, em 2015 segurei meu grito no golaço do Robinho no Ceni pra não acordar minha família, não poupei minha garganta da defesa do Prass contra o Corinthians na casa deles, vi o título da Copa do Brasil com o gol do melhor chapéu do século e com gol de goleiro , também tenho minhas histórias.
Será que o fato de não ver os anos dourados do Campeão do Século me faz menos palmeirense? E aos montes eles bradam “é a geração do rebaixamento […] não sabem a grandeza do clube”. Talvez não saiba mesmo, fomos criados palmeirenses na pancada aguentando gozação na escola desde que nascemos, ser palmeirense era motivo de piada, não nos acostumamos a zoar os rivais, de certa forma somos mais humildes e mais clínicos, mas veja bem temos muito tempo pela frente, tempo pra recuperar a grandeza que não deixou o clube, mas sim tirar o sentimento de pequeneza de nossos corações.
Sabemos o tamanho do Palmeiras, cansamos de ver vídeos na internet e documentários sobre 93, consumimos Palestra Itália a todo o momento, compramos camisas e vamos ao estádio. A verdade é que invejamos nossos pais, invejamos o fato de eles terem vistos o que pra nós é só uma imagem, invejamos eles, pois estes viram história ao vivo e a cores, vemos vários vídeos pra tentar recuperar uma fagulha daquilo que eles sentiram no dia do pênalti de São Marcos, gritaram no dia em que levantamos a taça da Libertadores, choraram no dia que Zé Silvério soltou sua voz em 93, pois atire a primeira pedra quem tem menos de 20 anos e não chorou vendo algum desses momentos pela internet e pensou: Eu queria estar lá.
Por Gabriel de Nani