Mercado do Futebol

Semana turbulenta agita os bastidores do Náutico

(Foto: Comunicação CNC)

Despedida com direito a torcida no aeroporto, foi assim que o Náutico embarcou com destino ao Rio de Janeiro, lá no Moacyrzão, o Timbu enfrentava um Macaé fugindo do rebaixamento e que iria, com certeza, buscar a vitória. Talvez por um milagre, os deuses do futebol entregaram um ponto ao Náutico, que após levar um gol, empatou com Ronaldo Alves – o zagueiro completou 100 jogos pelo Timbu no último sábado –. Um futebol apático, um time preguiçoso e desmotivado que nem parecia que uma vitória o deixaria com a mesma pontuação do G4. Era de doer à vista, de calejar os olhos. Gilmar Dal Pozzo optou por, mais uma vez, entrar com três volantes, esquema que Lisca e o próprio Gilmar já tentaram e não obtiveram êxito. As substituições “mataram” o jogo, que estava disputadíssimo no 1º tempo, mas, terminou apenas com o empate em 1×1 que, em outra ocasião seria ótimo, mas fez o Náutico ver o sonho do acesso ir pra longe. Após a partida, muitos Alvirrubros começaram a fazer contas, olhar tabela, apelar pra religião e misticismo e, ligaram o secador. Apesar da vitória de Santa Cruz e Sampaio Corrêa, o Paysandu empatou com o já rebaixado Mogi Mirim e saiu da briga, o Vitória foi goleado pelo América MG e deixou a 3ª vaga em aberto e, o mais improvável, o Bahia empatou com o também já rebaixado ABC. No fim, o empate foi amargo, mas, “poderia ter sido pior”.

Na rodada da terça-feira o Botafogo venceu a Luverdense por 1×0 e já garantiu matematicamente o acesso, então o Náutico voltou pra Recife com apenas um objetivo: vencer. Não pode haver erro. São três jogos e o único objetivo são os nove pontos. Vencer o CRB e torcer por um tropeço do Santa Cruz (fora de casa contra o Botafogo) e Sampaio Corrêa (contra o Bragantino, em São Paulo), essa é a missão do Náutico no fim de semana. Apesar do acesso ser possível, o time ainda sente a ausência do volante João Ananias, o maior “ladrão” de bolas dessa Série B, que teve ligamento rompido e contusão no menisco, tendo de passar por cirurgia no joelho esquerdo. João Ananias ficará de fora por seis meses, estando de fora não só da reta final do Campeonato Brasileiro 2015, mas também do Campeonato Pernambucano 2016.

Durante a semana, algumas notícias circularam pelos bastidores e, aconteceu o que o torcedor temia: num momento importante, o Náutico se envolve em problemas políticos e administrativos que podem custar o acesso e, pior que isso, o time poderá amargar uma Série B enquanto os dois maiores rivais, juntos, brigam na elite do futebol brasileiro. Algumas notícias pouco repercutiram, como a rescisão do contrato de Paulo Henrique, o lateral que foi o último reforço do Timbu para a temporada, treinou para ser o substituto de Gastón Filgueira, mas após a suspensão do uruguaio, Paulo, que esperava fazer a sua estreia, viu a vaga ser ocupada por Fillipe Soutto de maneira improvisada. O atleta treinou por um período junto com a equipe sub 20, mas nessa semana foi desligado amigavelmente do clube.

Outro tema bastante repercutido foi sobre o lançamento de mais uma chapa para as eleições. A primeira, “Vermelho de Luta” (Tiago Dias, Plínio Cavalcanti, Hugo Arcoverde e Valter Lins), anunciou oficialmente a candidatura do empresário Edno Melo ao cardo de presidente do Náutico. Logo após o anúncio, o contador Marcos Freitas recebeu apoio de alvirrubros como André Campos, Gustavo Krause, Sérgio Lins e Ricardo Valois para encabeçar um grupo que também concorrerá à presidência do Náutico e pôr fim às rachas políticas dentro do clube. A chapa deverá ser lançada oficialmente na próxima semana, durante evento social e as eleições já tem data definida, dia 13 de dezembro.

Mas, nada foi tão falado nos últimos dias como a transferência do jogo entre Náutico e Bahia, última partida do Náutico como mandante nessa Série B, para o estádio do Arruda. Inicialmente, falava-se de mobilidade, mas já é sabido que a questão contratual com a Arena Pernambuco foi fundamental nessa decisão. O que levou essa informação a tomar proporções gigantescas, foi a divergência nas informações vindas do Náutico, da Arena Pernambuco e do próprio Santa Cruz.

Entenda o caso: O vice-presidente do time, Durval Valença, em coletiva, explicou que o jogo entre Náutico e Bahia acontecerá no estádio do Arruda, zona norte do Recife, por questões financeiras. A Arena Pernambuco interrompeu os repasses acordados com o clube e, como não há condições do estádio dos Aflitos ser utilizado para jogos oficiais, a direção optou por levar o jogo para o estádio do rival. Durval também enfatizou que não é quebra de contrato, é apenas algo imediato, podendo voltar à Arena quando a situação se regularizar. “O contrato de 30 anos não é estático. Temos confiança que vamos fazer os ajustes necessários no contrato para e estabilizarmos a negociação”, concluiu. Leia a nota oficial na íntegra.

A Arena Pernambuco, por sua vez, em nota, deixou garantiu que, caso o local da partida seja alterado, haverá quebra de contrato. “De fato, nenhum dos compromissos firmados pela empresa perante o Náutico se encontra pendente de cumprimento e, obviamente, postura semelhante é esperada da Diretoria Executiva do Clube. Mas, caso se confirme, a anunciada transferência configurará um injustificável descumprimento contratual pelo Náutico, que poderá implicar a adoção das penalidades e demais medidas cabíveis”, informou em nota. Inicialmente, os repasses seriam anuais, mas após um acordo, seriam realizados mensalmente, o que, segundo a direção do Náutico, não vêm acontecendo.

Por parte do clube, também foi levantada a questão que, no momento da assinatura, havia um projeto de Cidade da Copa que até a data presente não foi sequer iniciado. Especula-se também que as cotas repassadas para jogos de Santa Cruz e Sport sejam maiores, apesar do Náutico ser obrigado por contrato a mandar os jogos lá.

Para o jogo no Arruda, um suposto acordo de cavalheiros permitiu que não fosse pago aluguel, como o Santa Cruz chegou a jogar algumas vezes nos Aflitos (enquanto o Arruda esteve interditado em 2014) e não pagaram aluguel, o Náutico também teria a oportunidade de realizar a partida lá sem custo. A recente vitória do Náutico por 3×1 sobre o rival e o histórico de triunfos do time no José do Rego Maciel pesaram na escolha do local. Talvez por ironia do destino, há cerca um mês, quando o Clássico das Emoções estava pra acontecer, o diretor do Náutico, Gláuber Vasconcelos, solicitou que a partida fosse transferida para a Arena Pernambuco, alegando que o estádio do rival não tivesse condições de receber um evento desse porte e garantir a segurança de todos. A partida foi realizada no Arruda e o Santa Cruz não esqueceu disso.

O tricolor não gostou nada dessa alteração e, por ser informado apenas por meio de uma notificação do departamento de Competições da Confederação Brasileira de Futebol informando que o estádio seria colocado à disposição para a partida, alfinetou o Náutico, em nota: “Desde já, o Santa Cruz não pretende abrir mão do direito de requerer a devida compensação financeira, em forma de aluguel ou arrendamento, pela cessão do espaço. Por fim, todos que fazem o Santa Cruz receberam a notícia da decisão tomada pelo Náutico com perplexidade e satisfação. Com perplexidade por se caracterizar como uma clara contradição diante do esforço dos dirigentes daquele clube em cassar o mando de campo do Santa Cruz no clássico realizado em 17 de outubro, sob a alegação de que nosso estádio não oferecia condições de segurança para a realização daquele jogo. Com satisfação porque, ao tomar essa decisão, os dirigentes do Náutico admitem publicamente – e em caráter definitivo – que o Arruda reúne condições de segurança para a realização de partidas de qualquer porte ou dimensão”.

A polêmica: Independente de onde a partida seja realizada e se haverá ou não aluguel, a torcida cobra do Náutico mais responsabilidade. Após três anos mandando os jogos na Arena, mesmo com todo transtorno – financeiro e de mobilidade –, o clube cumpriu com sua parte no contrato sem maiores problemas. Hoje, na reta final do campeonato, brigando por uma vaga no G4, sabendo que está de fora da próxima temporada da Copa do Nordeste e com dívidas trabalhistas, o Náutico resolve “peitar” a Arena e levar o jogo para a casa de, nada mais nada menos que um rival direto. É questionável essa atitude e deverá ser resolvida nas urnas, não no campo. O técnico Gilmar Dal Pozzo já pediu para o foco ser na partida de amanhã (14) contra o CRB e garantiu que é um desrespeito com o time Alagoano o desmerecimento da imprensa com a partida, já que toda a atenção foi para a partida contra o Bahia. “Não tem nada de Bahia, nós estamos pensando no CRB. E também não tem tumulto, o time está focado na partida conta o CRB, que é uma decisão nossa”, disse o técnico, em tom de irritação.
O melhor a se fazer é apoiar o time onde ele estiver e, se for o jogo do acesso, há mais motivos para ir. Nos últimos anos, só quem frequenta o estádio do Arruda viu o Náutico dar a famosa ‘volta olímpica’. A torcida não pode abandonar o time agora, visto que a diretoria já o deixou às moscas. O Náutico volta a campo amanhã, ainda na Arena, às 16h30, contra o CRB. Caso vença, o Timbu irá vivo lutar contra o Bahia pela vaga. Caso vença.

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