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Do que tu reclamas?

19181442 Luiz Henrique / Figueirense FC

Já há alguns anos venho acompanhando certos comentários de torcedores em relação às campanhas alvinegras no Campeonato Brasileiro da série A e na Copa do Brasil. O argumento recorrente gira em torno da insatisfação com os resultados obtidos pelo time e a suposta falta de ambição do Figueirense em buscar melhores resultados.

A cobrança sempre é válida, e é lógico que o torcedor sempre almeja mais para o time. Entretanto, acredito que os torcedores que insistentemente reclamam da atual fase do clube começaram a acompanhar a trajetória do Figueirense a partir dos anos 2000.

Não venho aqui desmerecer os jovens torcedores de forma alguma, venho apenas apresentar uma série de fatos para elucidar meu ponto de vista em relação as ambições e atuais condições do clube.

Vamos primeiro aos fatos:

Nos últimos 6 anos, o Figueirense brigou para não ser rebaixado nas últimas participações do campeonato Brasileiro da série A, além de ter sido rebaixado em 2012 e retornado a elite do futebol nacional em 2014.

A última boa colocação no Campeonato Nacional da Série A foi no ano de 2011, quando conseguiu a sétima colocação e teve chances reais de jogar a Copa Libertadores da América, se tivesse conseguido uma vitória a mais (na minha opinião, devido à falta de coragem do treinador Jorginho).

Já na Copa do Brasil, o alvinegro foi eliminado antes das semifinais em suas últimas participações. Seu melhor desempenho foi o vice campeonato, no ano de 2007, quando após conseguir um empate heróico no Rio de Janeiro, deixou a taça escapar por entre os dedos após a derrota em casa para o Fluminense.

Agora vamos à algumas colocações e experiências pessoais:

Nasci alvinegro. Para comprovar meu argumento, relato que quando era recém-nascido e me encontrava ainda na maternidade, recebi do meu avô a minha primeira camiseta do Figueirense. Segundo ele: “Era para não termos dúvidas pra que time esse guri vai torcer quando crescer”. E não deu outra! Desde que tenho consciência de minhas memórias sempre torci e acompanhei o Alvinegro mais querido de Santa Catarina. Quando criança ia a todos os jogos, acompanhando o Furacão do Estreito, desde a época em que disputava a série C do campeonato Nacional (sofrimento pouco é bobagem! Naquela época ou era paixão ou era masoquismo torcer para o Figueirense).

Atualmente o Figueirense é o time catarinense com maior número de participações na Série A. A possibilidade de disputar colocação com os maiores clubes do Brasil é sem dúvida nenhuma motivo de orgulho para nós torcedores, principalmente quando nos comparamos aos demais clubes do Estado. São 17 participações, destas, 12 somente nos últimos 14 anos. É muita coisa!

Alguns torcedores mal acostumados – que acompanham o clube há poucos anos – reclamam constantemente de tudo e de todos envolvidos no clube. Já os torcedores mais antigos, que acompanharam boa parte da trajetória do Figueirense sentem muito orgulho de termos conseguido chegar onde estamos. Quem acompanhou a ascensão do clube e a forma que aconteceu – com muita luta, muitas dificuldades, pouco investimentos, pouco orçamento –  sabe muito bem do que eu estou falando.

Mesmo sem termos nenhum título nacional, somos o time mais vezes campeão do Estado, além de campeões de um torneio internacional – Mercosul de 1995. O torneio era enxuto é verdade, mas isso não desqualifica ou invalida o título alvinegro.

Quem é alvinegro de verdade e acompanha há muitos anos a história do clube, se arrepia quando escuta a narração do gol do primeiro acesso a série A de Abimael (A de amor, A de alvinegro, A de Abimael, A de série AAAA), quando lembra das jogadas pela ponta esquerda e puxadas por meio que terminavam em finalizações perfeitas no canto do gol do nosso Fernandes(DEUS). Quando recorda das investidas incansáveis de Aldrovani, da garra do zagueiro Kleber que saia com a bola da defesa e ia até o gol adversário sozinho, das faltas cobradas com maestria por Chicão, do atacante Genilson que quando entrava em campo “o bicho pegava” realmente, Dos Pit-Bulls Jeovânio e Perivaldo, do meia-atacante Camanducaia, de Filipe Luís, Michel Bastos, André Santos, Filipe Santana, Triguinho, Weliton Nem, Marcelinho (Que não era o carioca, mas batia falta igual ou melhor que o corintiano), Thiago Silvi, Sérgio Manuel, entre tantos outros que merecem ser lembrados e que também fizeram parte do que o Figueirense é até hoje, o MAIOR clube de Santa Catarina. Cito apenas as lendas alvinegras que tive o orgulho de ver jogar.

Exposto tais argumentos e memórias, antes de reclamar tanto do clube, pare e pense se tu realmente acompanhastes o crescimento dele. Se ainda assim tu te sentes com razão em reclamar, tudo bem, é teu direito (e eu também almejo mais para o Figueira). Mas é também teu DEVER ir aos jogos e incentivar o time com palavras de apoio e gritar tua paixão ao clube.

Se for ao estádio só para reclamar como muitos torcedores fazem – e eu já acompanhei diversas vezes esse tipo de situação – pode ficar em casa. O Scarpelli não é divã para jogar tuas frustrações em cima dos jogadores! O Orlando Scarpelli é um campo de batalha onde nossos jogadores irão honrar a camisa alvinegra e dar o sangue durante os 90 minutos de cada batalha. Para muitos podem ser só jogadores, mas para nós alvinegros de alma, eles são nobres guerreiros vestindo o manto sagrado em busca de mais uma vitória.

 

Resumindo a minha opinião, Reclama menos e vai mais aos jogos. E quando for ao estádio “dê o sangue” na arquibancada – digo, dá tuas cordas vocais – se exiges que os jogadores deem o sangue em campo.  Lembre-se, Tu és o décimo segundo jogador.

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