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ERA GENINHO, O INÍCIO.

Foto de Ana Silva

Eugênio Machado Souto, mais conhecido no mundo do futebol como Geninho, tem 68 anos, é ex-jogador, atuava como goleiro. Pelo seu currículo como técnico de futebol, ele é considerado como um dos grandes nomes do futebol brasileiro. Campeão brasileiro pelo Atlético Paranaense em 2001, com 63,8% de aproveitamento. Em 2003, o técnico conquistou o Campeonato Paulista pelo Corinthians. Geninho também foi campeão goiano por duas vezes, com o Goiás e o Atlético/GO. Esses são alguns dos títulos conquistados pelo técnico. Se formos citar todos os títulos dele, passaremos o dia todo escrevendo, são muitos e em vários estados do Brasil.

Mas no mundo do futebol, a justiça nem sempre é uma aliada. Mesmo com todos esses títulos, Geninho, como todo profissional, passou por fases ruins. Antes de chegar ao ABC, o técnico tinha passado pelo Ceará/CE, que na época, estava lutando para escapar da degola da Série B, assim como o ABC, em 2015. Lá no alvinegro cearense, Eugênio não foi bem e depois de alguns jogos, deixou o clube. Depois da saída do CSC, o técnico ficou sem clube e terminou o ano desempregado.

2016 se inicia, e para nós começa assim: primeiro turno, 9 jogos entre Campeonato Estadual e Copa do Nordeste, 5 derrotas, 2 vitórias e 2 empates, resultados que culminaram em uma sexta posição no potiguar e o terceiro lugar no nordestão. Demissão do técnico Narciso, um sentimento de alívio pela demissão, revolta pelos resultados e expectativa por quem viria. Será que mais uma vez teríamos mais um do mesmo? Em poucos dias a surpresa: Geninho é anunciado, um treinador com uma experiência gigante, com títulos, acessos, permanências. Essa foi sem dúvidas umas das escolhas mais importantes para o acesso e quem sabe o bicampeonato brasileiro.

Retomando o pensamento do primeiro parágrafo: estadual fracassado, crise com a torcida e insegurança do futuro, o cenário era comum para Geninho. Em 2012 quando assumiu a Portuguesa, o time vinha de um rebaixamento para a Série A2 paulistana e tinha um Campeonato Brasileiro da série A pela frente. No final do ano, a permanência foi garantida e o técnico só foi demitido em 2013 pelo simples fato do time paulista não ter orçamento para disputar a A2. Um fato curioso é que Geninho falou à imprensa e a diretoria da Lusa, que continuaria no cargo se existisse um planejamento para o ano de 2013, igual ao que acontece com nosso clube, é um treinador de palavra. Em 2014 com o Avaí, a mesma situação. A péssima campanha no catarinense e as 2 derrotas seguidas no início da Série B fizeram com que ele assumisse o cargo na Ressacada, e no final do ano adivinhem só? O time do Avaí conseguiu o acesso à Série A em quarto lugar na tabela.

Diante desse passado, no Mais Querido da Frasqueira não poderia ser diferente. A mesmas façanhas se repetiriam, mas aqui em Natal o treinador ainda teria tempo de recuperar nossa hegemonia no estadual. Nas primeiras semanas de trabalho e nos primeiros jogos já estava clara a diferença. Padrão de jogo, aplicamento tático, confiança em alta, rendimento. Em 10 jogos do Estadual, 6 vitórias, 3 empates e 1 derrota. O ABC já estava diferente, nós tínhamos um time titular com as idéias do treinador postas em prática. E apesar de todo o lado técnico do treinador, o que mais me chamou a atenção foi a retomada da confiança de todos os jogadores. Um exemplo disso, foi Nando. Nosso camisa 9 não marcava um gol fazia um mês, e no primeiro jogo ao comando do novo técnico marcara 2, confirmando a vitória contra o Palmeira de Goianinha.

Analisando taticamente suas idéias, no início do segundo turno do Estadual, tínhamos um time jogando em um 3-5-2, dando muita liberdade para os laterais se tornarem alas ofensivos, quase pontas. Jogamos assim os 4 primeiros jogos, e esse esquema privilegiou bastante nosso centroavante, que balançara as redes por 4 vezes. Nesse período nossa escalação se resumia a: Vaná no gol, Gustavo Bastos, Gabriel e Léo Fortunato na zaga, Alex Ruan e Filipe nas alas, Lúcio Flávio, Erivélton e Márcio Passos no meio, e por fim, Jones e Nando no ataque. Porém, na derrota para o Alecrim dentro da Arena das Dunas, na manhã de um ensolarado domingo, Geninho percebeu que precisava mudar. Foi quando apareceu o dedo do técnico, escalando um 4-4-2 que seria base para o nosso time conquistar o Estadual e o acesso para a Segundona. Esse esquema equilibrou os setores do ABC pois os 2 volantes cobriam as subidas dos laterais e quando atacávamos tínhamos quase 7 ou 8 jogadores em cima da defesa adversária.

Vinha pela frente a grande final da competição, com os dois maiores clubes do estado. O primeiro jogo foi emocionante para as duas torcidas e acabou em 3 a 3, com gol nos acréscimos do ABC, marcado por Márcio Passos. A decisão agora era na casa do ABC, e Geninho queria o Frasqueirão lotando, pulsando, empurrando o Mais Querido pra cima do seu maior rival. E o pedido do técnico foi aceito pela torcida, que lotou o Frasqueirão e fez uma linda festa. O ABC entrou em campo pressionado, já que não vencia o Estadual desde 2011. Mas Eugênio, técnico experiente e acostumado a decisões, parecia estar tranquilo, tanto que, após o almoço antes do jogo, perguntou a Cléber Romualdo (integrante da diretoria), de que horas seria a preleção pois ele não sabia. Tirem por aí o nervosismo do técnico. O resultado de um grande trabalho feito pelo técnico veio dentro de campo: o ABC simplesmente atropelou o América/RN, venceu a partida por 4 a 0, voltou a ser campeão estadual. Festa da Frasqueira. Segundo título de Geninho no ABC.

Não tinha como dar errado, o título do segundo turno e a vaga garantida na próxima Copa do Nordeste, nos deixou em alta. A final contra o rival só veio para nos vangloriar ainda mais. Geninho conseguia se firmar e ter o apoio da torcida, era tudo que ele precisava para começar a Série C.

 

Texto realizado em parceria com o Mattheus Henrique do blog ABC minha vida.

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