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Entrevista com o técnico Rogério Mancini, do Ratchaburi, da Tailândia

Foto: Wildes Barbosa/O Popular.

Rogério Usmari Mancini, nasceu em São Paulo, no dia 6 de julho de 1971. Reconhecido pelo seu trabalho no Vila Nova e no futebol do Catar. Atualmente trabalha no Ratchaburi, da Tailândia.

Agradecimento:  Pedro Márcio, colunista do futebol capixaba, por uma das perguntas desta entrevista.

 

1- Olá, Rogério Mancini. Primeiramente queremos uma definição sobre sua pessoa, para os nossos leitores lhe conhecerem melhor e assim haver um melhor desenvolvimento desta entrevista?   

R: Sou Rogério Mancini, tenho 45 anos. Me formei em educação física em São Paulo em 1994. Tenho especialização em fisiologia e ciência do treinamento na Rússia, na cidade de Moscou e em São Paulo, comecei como preparador físico de futebol e futsal em 1995. Fiz cursos de futebol na Itália e no Catar, fui preparador físico e técnico de Futsal jogando várias ligas nacionais, fui preparador físico, auxiliar técnico e técnico de futebol. Portanto são 22 anos dedicados ao futebol.

 

2- Iniciou sua jornada como treinador, sendo auxiliar-técnico da seleção do Catar, além de passagem pelo sub-21 do mesmo país. Como é o modo de procedência em termos de crescimento e de infraestrutura que o governo disponibiliza ao futebol? Comente-nos sobre a sua experiência e adaptação no país?   

R: Na Itália fui auxiliar técnico em 2008 e desde esse ano em diante me dedico mais a parte tática. Já no Catar foi depois, lá passei pela seleção sub-19, 21 e algumas outras funções sob o comando da QFA (Seleção do Catar), estatísticas, análise de jogo, seleção de talentos, foram 4 anos nesse país. Todas as equipes do Catar são patrocinadas pelo governo, são destinadas verbas anuais e os clubes a administram. Infraestrutura das melhores em todas as equipes e equipamentos de última geração para tratamento testes e tudo que for preciso. Pouco público nos jogos tem sido um dos pontos mais trabalhados pela QFA. Existem sorteios de carros de luxo em alguns jogos para atrair o público, mas mesmo assim ainda é muito pequeno ou melhor quase nada. Hamadan, rezas, clima quente, tudo isso faz que o Catar seja diferente de tudo.

Foto: Qatar Football Association.

 

3- Ano passado teve uma passagem pelo Vila Nova, onde conseguiu o respeito da diretoria, que o bancou mediante a alguns resultados adversos. Diga-nos sobre a estrutura, torcida, e projeto Série A da equipe?

R: No Vila Nova foram um ano e meio onde comecei como auxiliar técnico na série C onde fomos campeões e subimos para a B. Depois assumi o sub-20 e foram 35 jogos com 33 vitórias, um empate e uma derrota, uma campanha muito boa na taça São Paulo. Quanto o treinador Márcio Fernandes pediu demissão eu assumi como interino no campeonato goiano, onde estávamos com chance de rebaixamento e consegui levar a equipe até a semifinal com várias vitórias seguidas e bons clássicos. (Goiás e Atlético). Sobre a estrutura do Vila é boa, CT bom, e durante 1 ano e meio que estive lá sob a presidência do Guto Veronez não tivemos problemas de salário. A torcida é uma força grande, sempre presente e apaixonada a torcida do Vila me faz sentir saudades de lá.

 

4- Nesta temporada, aceitou o convite do Ratchaburi, da Tailândia, clube da primeira divisão e que possui certo potencial nesta região. Comente sobre o apoio de seus adeptos no país? Qual a sua projeção em termos de resultado neste clube?

R: Há algum tempo já tinha tido proposta dessa região da Ásia. Mas não me interessava porque não queria sair do Brasil, pois tinha acabado de chegar dos meus últimos 7 anos fora. Mas depois da saída do Vila esperei o máximo que pude alguma proposta do Brasil, entretanto não tive. Então resolvi aceitar uma oferta de coordenador de futebol nessa equipe que quer ser campeã em 2017. No entanto encaro aqui como provisório por que preciso voltar ao Brasil, tenho muito que fazer ainda lá e tenho certeza que logo aparece algo. Estou conseguindo aqui padronizar os treinamentos da base, notamos laboratórios de análises de jogo e muito mais. Todavia preciso estar no comando e aqui não é fácil. Nossa liga começa 11 de fevereiro e pensamos que podemos chegar entre os primeiros.

Foto: Rogério Mancini (Insta).

 

5- Qual a principal característica do futebol tailandês? Existe alguma interferência do governo na prática do esporte no país?

R: O futebol tailandês é muito rápido e de contra ataques, jogadores estrangeiros fazem a diferença e geralmente são atacantes e zagueiros. Muito semelhante ao Brasil onde cada equipe se mantém com dinheiro de patrocinadores.

 

6- És jovem (45 anos), ainda pouco conhecido no cenário nacional, como vê o crescimento de técnicos com menor experiência no cenário brasileiro e mundial?

R: Vejo com bons olhos os jovens técnicos, acho que hoje as equipes buscam alguém inteligente e não só experiente, na Itália temos 4-5 da série A com menos de 45 anos o Milan é um exemplo. Na Alemanha temos o Borussia Dortmund. No Brasil temos muitas equipes e é natural que tenhamos jovens, o Roger do Atlético Mineiro é um exemplo de jovem inteligente, vê o futebol com olhos de vencer e convencer. Sou assim também, aprendi com espanhóis, holandeses, italianos que o futebol é mais que 3 pontos, e mais “vamo vamo vamo” é mais que uma “caixinha de surpresa”.

Foto: Cristiano Borges.

 

7- O técnico tem uma responsabilidade enorme nas mãos, o conhecimento do seu elenco, das táticas e do seu adversários são primordiais na obtenção do triunfo na partida. Qual o ensinamento que tens a passar para a nova geração de treinadores no país?

R: Meus treinos possui sempre uma mensagem. Preciso mostrar pra meus atletas que podemos jogar inteligência, que podemos executar um esquema tático que não seja somente se defender, que devemos atacar em massa e defender também com 10 jogadores e o coletivo está acima de tudo. Respeito, disciplina, eu nunca vou xingar um atleta por ter errado um gol ou um passe, mas vou tira-lo do jogo se ele não tiver respeito por alguém que seja.

 

8- Uma mensagem para os colunistas e leitores do site ?

R: Aos colunistas e leitores. Todos nós somos parte do futebol, seja o bom e o ruim, basta que tentamos fazer o melhor e assim certeza que logo teremos somente o bom futebol. Obrigado e espero que aproveitem o site que é de muito interesse.

 

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