Neto Pajolla fala sobre sua carreira
- Updated: 30 de março de 2017
Ser treinador de futebol não é fácil. Normalmente se associa a esta função, uma pessoa mais velha, que já jogou futebol e se aposentou, deu uma descansada e resolveu voltar aos gramados, agora em uma nova função, um novo desafio. Esta máxima no futebol brasileiro está caindo por terra nos últimos anos. A reciclagem dos treinadores no Brasil está acontecendo de uma forma impressionante. A cada ano, novos nomes aparecem, cada vez mais jovens e o mais interessante, nem todos os novos treinadores chegaram a ser necessariamente jogadores de futebol.
Hoje, vamos ter um bate papo com o treinador Neto Pajolla, que mesmo com apenas 31 anos, já tem uma boa experiência e bons trabalhos feitos em vários clubes no Brasil e no exterior.
MF – Neto, você não chegou a ser jogador profissional. A ideia de ser treinador veio de que forma?
O futebol foi o esporte que sempre me identifiquei desde pequeno. Como todo garoto tive o sonho de ser jogador. Mas não foi possível. Então comecei a observar os treinadores trabalhar e me interessei muito pela parte de gerir, organizar, treinar e comandar uma equipe.
Foi quando comecei a faculdade de Educação Física e me especializei em Futebol. Fui me aprofundar em estudos das novas metodologias de treinamentos. Acabei trabalhando em algumas escolas de futebol até conseguir um emprego como auxiliar técnico, também de um treinador jovem e muito promissor Rodrigo Santana na disputa da Copa São Paulo de Juniores pelo São Carlos F.C em 2014, e logo depois no profissional com o Juventus disputando o Paulista A3 (2015) e A2 (2016). Onde pude trabalhar e aprender muito na pratica e me fez ganhar mais gosto pela profissão. E foi no Santarritense, no estadual de 2016, que consegui pôr em pratica toda a experiência adquirida.
MF – Neto, muito se fala da tecnologia ajudando as táticas no futebol. Como você trabalha esta situações em seus treinamentos e aplicação tática?
Hoje o uso da tecnologia no futebol é um diferencial gigantesco. O treinador que souber utilizar essa ferramenta acaba se tornando um ponto positivo para conseguir bons resultados.
Hoje na URT sou responsável por essa parte dentro da comissão técnica, onde através de vídeos de jogos analiso os pontos fortes e fracos dos adversários. (Modelo de jogo, padrão de jogo tanto ofensivo quanto defensivo). Foi dessa forma que usei a Análise de Desempenho enquanto estive no Santarritense. Analisando meus adversários e trabalhando a equipe para conseguir atingir as deficiências do adversário e a nosso favor como equipe. Na U.R.T tem feito a diferença e no Juventus/S.P deu mais do que certo, o clube e subiu de divisão.
MF – No atual cenário, qual trabalho é sua referência para manter uma constante evolução?
Tenho alguns treinadores no qual procuro tirar os pontos positivos na forma de trabalho. Hoje gosto muito do modelo de jogo que Pep Guardiola vem desenvolvendo, gosto de futebol ofensivo, buscando e propondo jogo constantemente. Não gosto de jogar por uma bola o jogo todo. Hoje podemos ter uma noção de futebol que propõe jogo ofensivo assistindo nossa seleção. O Tite faz muito bem esse tipo de jogo.
MF – Fora do Brasil, você fez trabalhos fora do Brasil. Como foi esta experiência?
Tive a oportunidade de treinar duas equipes juniores na Coréia do Sul. Foi uma experiência fantástica. Conhecer outra cultura, novos conceitos de treinamento. Essa oportunidade me ajudou a crescer muito como profissional principalmente na questão de comandar grupos de forma justa. A cultura asiática cobra muito esse tipo de atitude, são bem rígidos nesse quesito, muito centrados.
MF – No Brasil, teve trabalhos de destaque, como o acesso do Juventus da Série A3 para A2 em 2014 junto com o Rodrigo Santana, seu atual companheiro na URT. O que pode dizer sobre esta temporada?
Esta temporada está sendo fantástica, estamos na briga direta pela classificação para semifinal do mineiro, são adversários muito fortes, clubes de elite. Trabalhar em uma primeira divisão de estadual e Copa do Brasil está me ajudando muito a crescer como treinador. Estou aprendendo muito com esse novo ambiente e pegando ainda mais experiência. Me sinto ainda mais preparado para voltar a comandar uma equipe. Só tenho a agradecer muito ao Rodrigo e toda diretoria que acreditaram no meu trabalho.
MF – No ano passado, você dirigiu o Santarritense, no Campeonato Mineiro da 2º Divisão, e com um time de jogadores amadores, conseguiu classificar ao hexagonal final. Como foi esta experiência?
Foi a oportunidade na qual pude pegar toda experiência adquirida nos últimos anos e implantar minha metodologia em um time. Assumi a equipe faltando apenas 4 dias para estreia no estadual e o elenco já estava montado. Comecei a passar meu método de trabalho e os jogadores captaram muito bem, o grupo se empenhou. Logo no primeiro jogo era um clássico sul mineiro e saímos com a vitória. Depois disso fomos ganhando dias de trabalho e acertando nossa forma de jogar. A equipe foi ganhando confiança e acreditando cada vez mais no meu trabalho e isso ajudou o grupo a ganhar entrosamento e realizar um grande trabalho.
MF – Como você vê o atual momento do futebol brasileiro, com tanto assédio dos times chineses em levar nossos jogadores?
É natural um país que está investindo muito para se tornar potência no futebol mundial buscar contratações de bons jogadores. O Brasil é visto como o país do futebol e muitos jogadores se destacam no futebol internacional. No período que estive na Ásia pude ver o carinho e admiração pelo futebol brasileiro. Então acho normal esse assédio. Infelizmente o futebol Brasileiro acaba perdendo seus grandes jogadores. Mas por outro lado ajuda os clubes a terem um pouco mais de recurso para se manterem nas competições.
MF – E a nossa seleção? Qual foi a grande mudança que você observou para deixar de ser um time desacreditado a ser um dos candidatos a Copa de 2018 na Rússia?
Nossa seleção estava passando por uma situação complicada. Na minha opinião estava desorganizada. E sabemos que qualquer ambiente desorganizado não existe resultado positivo. Hoje temos uma gestão funcional. Edu Gaspar está organizando os bastidores da seleção. Trouxe o treinador brasileiro mais preparado que é o Tite, ele trouxe uma comissão técnica extremamente competente, no qual faz com que nossa seleção se prepare por completo para enfrentar os adversários. Hoje, os jogadores têm um ambiente profissional e equilibrado para trabalhar. Isso resgatou a confiança e o resultado de um trabalho competente que é esse que estamos acompanhando.
MF – E quais são seus planos para o futuro Neto? O que esperar para o segundo semestre?
Me sinto preparado para assumir novamente uma equipe, conversas aparecem. Se pintar alguma coisa como técnico, algo concreto, vou sentar, analisar e ver o que é melhor, coisas boas podem acontecer. O Rodrigo sabe dos meus objetivos e me apoia bastante, mas o momento é de focar na URT, estamos em rodadas decisivas.
MF – Neto, deixe uma mensagem aos nossos leitores!
Obrigado pelo espaço, onde pude compartilhar minha carreira, agradecer a todos que acompanham meus trabalhos. Dizer a todos que estão iniciando a carreira para nunca desistir, é uma área difícil de conseguir espaço, mas acredite no seu trabalho e nunca deixe de estudar e aprender. Escutar conselhos de quem já conquistou espaço e ter pés no chão é importante. Para vencer, acredite! Para quem quiser acompanhar mais meu trabalho acesse: www.netopajolla.com.br / Instagram: @netopajolla. E mais uma vez obrigado ao www.mercadodofutebol.net.br
Neto, desde já agradeço pelo bate papo, acompanho o seu trabalho há algum tempo e tenho certeza que não demora muito você estará figurando entre os principais clubes brasileiros. Nós do MF desejamos a você toda sorte na sua caminhada e com certeza, teremos mais matérias e bate papos falando sobre seus trabalhos!