Tragédia do Maracanã completa 25 anos
- Updated: 19 de julho de 2017
Dia 19 de Julho de 1992, Flamengo e Botafogo se enfrentaram, pelo segundo jogo da final do Campeonato Brasileiro, onde o Flamengo se consagrou campeão, após vencer o primeiro jogo por 3 a 0 e o segundo jogo, empatar em 2 a 2, porém, Cerca de Trinta minutos antes de os dois times entrarem em campo, para esse segundo e decisivo jogo, ouviu-se um estrondo na arquibancada, onde ficava a torcida do Flamengo. Com o susto, uma multidão foi imprensada contra a grade de proteção, que não resistiu e várias de pessoas caíram na então chamada, cadeiras numeradas, que ficava abaixo das arquibancadas, também ferindo quem ali estava para assistir o jogo. As vítimas foram levadas para hospitais mais próximos do estádio. Até dois helicópteros foram usados no socorro aos feridos. No acidente, que é considerado a maior tragédia do estádio, que é mundialmente conhecido, três pessoas morreram e 82 ficaram feridas.
Rene de Albuquerque Ansuatigui, na época com 17 anos de idade, foi um dos feridos naquele dia. Rene, hoje com 42 anos, gerente de produção numa indústria, foi ao jogo com amigos e relatou como foi aquele dia fatídico, que ele considera ter nascido de novo:
-Nós chegamos ao estádio muito próximo do horário do jogo e aí ficou difícil para se acomodar lá dentro. Resolvemos então ficar ali, próximo a grade onde tudo aconteceu.
Eu lembro ter escutado um barulho muito alto e em seguida as pessoas começaram a serem empurradas pelas outras, com isso, a grade não conseguiu sustentar o peso e quebrou.
Hoje eu considero esta data como um segundo aniversário. Pois eu nasci de novo.
Obviamente, você não pôde assistir ao jogo. Como ficou sabendo do resultado final da partida e se o título trouxe algum alento naquele momento tão difícil?
–Então… Fui para o hospital MIGUEL COUTO e lá após ser atendido estava ansioso para saber o resultado, então perguntei pro vigilante e ele me relatou que já tinha acabado o jogo e que fomos campeões com o empate em 2 a 2. Fiquei feliz, mas ao mesmo tempo eu estava emocionalmente abalado, pois ainda não tinha feito contato com a minha família, graças a DEUS tudo ocorreu bem e consegui fazer um telefonema pra minha casa e tranquilizar a minha família.
Rene, você recebeu algum suporte do governo do estado do Rio de Janeiro pelo acidente que sofreu?
–Alguns dias após o acidente fomos informados pela mídia que poderíamos procurar a Defensoria Pública do Rio de Janeiro para entrarmos com ação na justiça, para ressarcimento das perdas morais e/ou materiais. Assim foi feito, naquela época eu era menor de idade, então fui com meu Pai até a Defensoria Pública e entramos com a ação. Após alguns dias fomos informados que eu deveria comparecer ao IML (instituto médico legal) para exame de Corpo e Delito.
Como as coisas relacionadas à justiça são demoradas, os anos foram se passando e nada foi resolvido, até um dia em que nós resolvemos deixar de lado a ação e nunca mais tivemos informações a respeito.
O Flamengo chegou a te procurar para saber como você estava?
–Não. Na verdade soube que os jogadores da época foram ao Hospital no dia seguinte para visitar algumas vítimas que continuavam internadas.
Como sofri ferimentos leves fui liberado no mesmo dia.
Teve medo de voltar ao estádio?
–Sim. Na verdade o acidente aconteceu em Julho de 1992 e quando foi em Outubro, tive que voltar ao estádio para realizar um concurso público e confesso que tive um receio em estar ali. Mas quando o estádio foi reaberto para jogos, voltei a frequentar( porém nunca mais fiquei próximo a grade).
O Flamengo enfrentará as 21h45 o Palmeiras, pela décima quinta rodada do campeonato Brasileiro. Você vai ao jogo?
-Claro. Sou apaixonado pelo Flamengo e tenho muito prazer em vê-lo jogar. Sempre que posso compareço aos jogos para torcer e incentivar o meu time de coração.