Uma final “para ganhar e viver”, tão gigante como Carlos Drummond de Andrade.
- Updated: 25 de novembro de 2015
O final de ano do futebol brasileiro não poderia findar-se de maneira mais brilhante, porque é hoje que se inicia uma disputa de gigantes do futebol. Santos, inventor do futebol arte e o Palmeiras que ensinou ao país da bola a ter disciplina, versatilidade e técnica em um só elenco iniciam hoje a disputa pelo caneco da Copa do Brasil 2015. Esses gigantescos clubes terão hoje, sem dúvida alguma, uma disputa memorável, inesquecível.
Para aqueles que insistem em favoritismo, digo que em um jogo como o tal não se pode levar em conta o momento do elenco, uma ou outra peça de maior envergadura individual. Aos jornalistas cabe o debate, cabe a eles, mas para os amantes do futebol não, para quem se atenta até mesmo nos detalhes, se faz necessário compreender que um jogo como o de hoje com dois dos mais importantes clubes do país no certame não se pode cravar de maneira prévia. De um lado o alvinegro de imensurável prestígio mundial, time do Rei da bola, que em seu currículo tem 2 mundiais, 3 libertadores e uma incontável coleção de títulos, já no lado alviverde há 10 conquistas nacionais, vários outros títulos importantes e uma Libertadores conquistada com ajuda de um santo da bola, do guarda metas mais carismático de toda a História do futebol mundial.
O poeta Carlos Drummond de Andrade se vivo fosse, certamente faria uma crônica esplendorosa para o jogo de hoje, caberia a ele abrilhantar ainda mais esse momento que entrará para as páginas do arquivo da bola. Hoje seria dia de genialidade no Jornal do Brasil.
Ganhar ou perder é do jogo, para ser vencedor, primeiramente se faz necessário saber perder, levantar a cabeça e dar a volta por cima, mas não no ponto de vista Hollywoodiano, não isso, porque no futebol de verdade nenhum filme poderia recontar o momento exato na busca pelo sucesso, da queda ao ápice, do desacreditado ao vencedor. Lá eles até são bons em retratar o basebol, o basquete, o futebol da bola oval, mas no esporte bretão a História é outra, meu querido, até porque, de bretão o futebol passou a ser de todo o planeta, também do proletariado carcamano paulistano, do caiçara da Baixada, pejorativamente peixeiro na resistência, no ser bom de bola, de ser reconhecido como grande desde sempre, mesmo distante do planalto paulista.
Não, não, manos e minas, eu não estou ficando louco, sei que posso estar até exagerando ao relembrar o Carlos Drummond de Andrade na sua crônica sobre a tristeza do fracasso dos canarinhos na Copa de 1982, mas tenho que ser malandro, tão malandro como um sambista da União Imperial, como um puxador de samba da X9 paulistana, ainda que eu não seja sambista, que tampouco saiba sambar. Eu tenho que me agarrar no que há de melhor para discorrer sobre tal, tenho que apelar.
Em um momento de tristeza assombrosa, de crise na economia, de austeridade tamanha que nem dá para comparar o modelo econômico do então presidente Figueiredo, ditador de outrora, com a nossa atual presidenta que já é mais questionada pelo povo do que a fraca e chorona zaga do Felipão na Copa do maior vexame do futebol brasileiro. Somente as mentes brilhantes conseguem em poucas linhas de uma crônica falar sobre futebol, sociedade e economia, mas que fique claro, o poeta era um gênio, bestial e eu sou somente mais uma besta que está a anos luz de se tornar uma fera das crônicas contemporâneas, de escritores da web.
O Santos não caiu no Paulistão, como regra o Peixe nunca caiu, o Palmeiras não caiu por mais uma vez e quem festeja por tal é o futebol, de momento tão sofrido, de 7 a 1 doído, de desesperança futebolística tão grande como a inquietação do trabalhador na fila do seguro desemprego, que sonha com melhores dias. Isso aqui não é o nós contra eles, petralhas x coxinhas, comunas x tucanos, clássico que se popularizou nas últimas eleições, por agora é o que há para se inflamar, porque isso aqui é futebol, Jão.
Que seja campeão o melhor dentro das quatro linhas, porque ganhar ou perder é do jogo, se explica, o que não se explica é a paixão pelo time de coração, como por exemplo, a minha paixão pelo Peixão. Hoje eu sou SANTOS, fui ontem, sou hoje e por todo sempre serei. Que que me desculpe o torcedor palestrino, o seu time é até bom, mas eu sou mais o meu…
Evandro Amaral Fernandes – Guga.