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Sergio Patrick nos conta um pouco sobre a evolução da MLS
- Updated: 20 de outubro de 2015
A MLS está evoluindo cada vez mais com grandes estrelas indo jogar no Soccer do Tio Sam. Conversamos com Sergio Patrick, correspondente da Rádio Bandeirantes no EUA.
MS – Sergio Patrick, você está completando um ano como correspondente norte-americano à Rádio Bandeirantes. Como você avalia essa evolução da MLS nos últimos anos assim como, a seleção norte-americana que teve um bom desempenho na última Copa do Mundo?
Nesse ano e meio de EUA eu fiquei bem impressionado com a evolução do futebol por aqui. A Liga aumentou os contratos de patrocínio, melhorou o dinheiro que recebe da TV, expandiu para novos mercados e contratou jogadores conhecidos mundialmente. E o resultado já é visto, com ótimos públicos nos estádios, bom nível técnico, audiências aumentando na TV e mais espaço na mídia em geral. Isso tudo tende a melhorar ainda mais a seleção, que já mostrou ter potencial pra encarar seleções importantes do mundo, embora ainda oscile um pouco.
MS – A preferência do público local ainda é e, dificilmente deixará de ser a NFL e a NBA, há espaço para a MLS crescer mais?
O espaço existe e a MLS não precisa engolir essas outras ligas, basta dividir atenções. O calendário não coincide tanto com esses dois esportes, choca mais com o beisebol. O futebol tem um público jovem que cresce jogando a modalidade e está cada vez mais interessada em acompanhar os times profissionais. As próximas gerações de consumidores adultos serão fortemente ligadas à modalidade.
MS – Grandes estrelas estão indo para a MLS atualmente, o New York Cosmos fez isso na década de 70 com Pelé, Beckenbauer, Cruyff, Carlos Alberto Torres, Marinho Chagas entre outros. O New York Cosmos ficou eternizado, mas o campeonato não. Por que está dando certo agora?
A diferença agora é que, ao invés de formar um time sensacional, a liga controla os contratos e distribui forças. Com isso, são vários times com bons jogadores e um equilíbrio maior. E só não são mais estrelas mundiais na MLS porque o crescimento é sustentável, cada novo passo só é dado se realmente couber no bolso dos times.
MS – Os americanos sempre investiram muito no esporte em geral, reflexo disso é a liderança no quadro de medalhas das olimpíadas, como está o projeto de base do futebol norte-americano?
O projeto de base é muito bom, quase tudo com inspiração no que os franceses fazem em Clairefontaine. Todos os times têm academias e a passagem pelas universidades é quase opcional. Não é exatamente como fazem outras modalidades. Outra diferença interessante é que os jogadores não costumam virar profissionais tão cedo quanto em outros lugares do mundo. Assim, chegam aos times principais já mais maduros.
MS – Eu já ouvi alguns comentaristas dizerem que, em 3 ou 4 copas, a seleção norte-americana vai estar disputando título. Você concorda?
É difícil prever porque você depende de uma série de coisas. Pode ser uma Copa fraca como a de 2002 e o time americano já poderia ter disputado o título. Pode pintar um jogador genial por aqui e mudar todo o cenário, como Cristiano Ronaldo em Portugal ou Ibra na Suécia. Ainda falta um degrau difícil de ser escalado para os americanos. Esse esforço inclui fazer com que, na média, os jogadores recebam salários melhores aqui nos EUA. Além disso, é preciso dar tempo pra que as academias sigam produzindo talentos.
MS – A média de público da MLS está em 21 mil pessoas e no Brasil não passa de 13 mil, como explicar essa diferença?
Muito dessa diferença está na cultura do americano de ir a um evento esportivo como hábito, apenas uma coisa divertida. Ele não precisa ser fanático pelo time ou mesmo torcer pelo time da cidade. Além disso, o Brasil agora se aproximou no conforto que oferece para os torcedores com as novas arenas da Copa de 2014, mas os serviços ainda estão muito distantes. Juntando isso tudo à segurança que se tem ao ir ao estádio por aqui e ao transporte, que geralmente é muito bom, e você entende as vantagens da MLS.
MS – Você é a favor das equipes da MLS entrarem na Taça Libertadores ou a criação de uma liga unificada?
Eu sou a favor, acho que seria fantástico pro continente. Mas não vejo essa possibilidade no momento. O comissário da MLS, Don Garber, já disse que as distâncias são quase impraticáveis com o calendário que existe agora. Tem também muita gente querendo defender a Copa dos Campeões da Concacaf como negócio, já que uma eventual unificação ia fazer alguém ficar sem produto ou como uma parte menor do que tem atualmente.
MS – Você já torce pra algum time da Liga?
Sim, torço para o New York City FC. Escolhi com um amigo inglês, o John. Estávamos num bar reclamando da saudade que tínhamos de acompanhar nossos times (Palmeiras e Everton) no estádio durante o ano. Sugeri a ele que a gente começasse a frequentar os jogos de um dos times daqui. Como o Liverpool é o maior rival do clube dele, o John jamais escolheria o NY Red Bulls. Assim nos tornamos torcedores do NYC FC.
MS – Esportes Olímpicos. Na sua opinião, o que dá certo na formação de atletas do EUA e o que dá errado na formação de atletas no Brasil. Qual o papel do governo nesse processo?
A grande diferença está na formação esportiva na escola, como parte da educação. Isso é uma coisa natural e totalmente atrelada à vida dos americanos. Tem tanto equipamento esportivo por aqui, tanto estímulo, que é fácil praticar um esporte. No Brasil a gente tem que correr atrás se gostar de uma modalidade. É um sufoco, quase um sacrifício em alguns casos. Os profissionais são quase todos sobreviventes nessa luta, muita gente fica pelo caminho. Como o atleta aqui tem sempre o amparo educacional, ele também muitas vezes vive a carreira esportiva e depois se dedica a outro ramo profissional no qual se formou na faculdade, o que já é mais difícil de acontecer no Brasil.
MS – O que falta ao Brasil para se tornar uma potência olímpica? Temos um país com mais de 200 milhões de habitantes e, seremos sede da próxima Olimpíadas, não era para o Brasil ter mais atletas lutando por medalha?
Atleta lutar por medalha depende de detalhes, muitas vezes vai além do que se pode controlar na formação de atletas e desenvolvimento do esporte. Tem arbitragem, qualidade de adversário, lesão. Uma série de coisas. Mas ainda falta justamente um investimento na base e, antes disso, um projeto para a base ligado às escolas. O que mais tem no Brasil é escola que não tem sequer uma quadra em bom estado, professor que não consegue fazer atualização profissional pra lidar com a garotada. É duro evoluir assim.
MS – Grandes empresas do Brasil patrocinam atletas já consagrados, ou seja, primeiro seja o melhor, depois consiga apoio. O governo não deveria intervir nisso?
O governo faz a mesma coisa, com as bolsas atleta e pódio, com Lei Agnelo Piva. Dá dinheiro, e muita grana, pro alto rendimento, mas não tem um projeto bacana pra base. Espero que depois da loucura por medalhas nos Jogos do Rio, o Brasil repense o seu modelo e passe a investir mais na criação de um projeto pra jovens atletas. A qualidade vai ser consequência natural disso.
MS – Você cobriu o ultimo Panamericano de Toronto. Como você avalia a participação da Delegação Brasileira?
Esperava um número maior de medalhas, principalmente do atletismo. Mas o COB procurou usar o Pan pra dar experiência pra atletas jovens, que eram maioria na delegação. E justificou dizendo que as medalhas estão cada vez menos concentradas. Pode até ser, mas o Brasil ainda tem espaço pra crescer com a atenção e os investimentos dos últimos anos.
MS – Por fim, agradeço muito pela entrevista e, gostaria que você mandasse uma saudação aos leitores do Site MERCADO DO FUTEBOL.
Agradeço pelo espaço e peço que a galera apaixonada pelo esporte continue firme na internet e nas redes sociais. Hoje já não dependemos de muita coisa pra criar espaços de discussão e divulgação do esporte. Assim a paixão pelo esporte seguirá crescendo em todo o Brasil.