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Análise do primeiro turno e mudanças para o segundo.

Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Salve, Nação são-paulina! A derrota diante do Bahia no último domingo marcou o fim do primeiro turno do Campeonato Brasileiro de 2017. Um turno que ficará marcado como um dos mais decepcionantes de toda a história tricolor. Cheio de turbulências tanto dentro como fora das quatro linhas, a equipe que iniciou o campeonato com Rogério Ceni no comando e terminou o turno com Dorival Junior fez uma péssima campanha. Foram cinco vitórias, quatro empates e DEZ derrotas!

Antes mesmo de o campeonato começar, a pressão sobre o elenco e o então treinador já era muito grande. O São Paulo vinha de duas eliminações traumáticas: para o pequeno Defensa y Justicia da Argentina, pela Copa Sul-americana e para o Cruzeiro, pela Copa do Brasil. Nesse período a equipe estava em transição para um novo sistema de jogo, deixando de lado o futebol extremamente ofensivo, com pressão na saída de bola do adversário, que foi característico no Campeonato Paulista.

O jogo de estreia pelo Brasileirão foi contra o Cruzeiro no Mineirão. O torcedor tricolor ainda não sabia, mas aquele jogo já mostraria problemas que persistem até hoje na equipe: falhas bobas e uma dificuldade imensa para furar as retrancas adversárias. O gol solitário da equipe mineira saiu logo no comecinho do segundo tempo, em um vacilo enorme do zagueiro Maicon, que ainda fazia parte do elenco. A partir daí o São Paulo teve a bola, mas não sabia o que fazer com ela.

Após a derrota na estreia, o tricolor conseguiu duas boas vitórias no Morumbi. A primeira contra o Avaí e em seguida, de forma surpreendente, contra o Palmeiras. Todos se empolgaram, no entanto as rodadas seguintes evidenciariam o verdadeiro São Paulo de 2017. Do jogo seguinte, na 4.ª rodada contra a Ponte Preta, até a 11.ª, contra o Flamengo, o São Paulo somou apenas 5 pontos em 24 possíveis. A decadente campanha culminou com a demissão do treinador Rogério Ceni.

A demissão do maior ídolo da história do clube foi muito contestada por todos. Era claro que a equipe não desempenhava um bom futebol dentro de campo, mas a política de vendas de atletas (principalmente as joias da base) prejudicaram o trabalho de Ceni. Seria mais uma turbulência em um dos voos mais instáveis da história do clube.

Foto: Rubens Chiri

Dorival Júnior assumiria o cargo. Não contra o Santos, partida em que, comandados por Pintado (que também se desligaria do clube) fomos derrotados por 3×2 na Vila Belmiro. A estreia do novo comandante aconteceu contra o Atlético Goianiense, no Morumbi. Para muitos, seria o momento perfeito para virar a chave. Jogo em casa, contra o lanterna do campeonato e jogadores supostamente motivados para mostrar serviço e conquistar a confiança de Dorival. Mas infelizmente foi mais um jogo péssimo.

O empate de 2×2 contra a equipe de Goiás e a derrota contra o Cruzeiro, mostraram problemas claros da temporada são-paulina. Na ocasião vimos um time que sofria muito para fazer um gol, mas que cedia o empate com facilidade, logo em seguida, devido às falhas bobas.

Mesmo com a chegada de Dorival os resultados não vieram, evidenciando que os problemas do São Paulo Futebol Clube estão longe de ser apenas dentro de campo. Nem ele nem Ceni, talvez nem Guardiolas e Mourinhos dariam conta de acertar o time nesta situação. Além dos problemas extracampo, foram diversas chegadas e saídas de atletas, o que dificulta o trabalho de qualquer treinador.

Hernanes chegou e logo estreou contra o Botafogo no Rio de Janeiro. Em um jogo histórico comandado pelo Profeta, o tricolor reverteu um 3×1 para 4×3. Empolgação, luz no fim do túnel? Longe disso. Logo na rodada seguinte, derrota para o Coritiba dentro de casa, com mais de 53 mil torcedores no Morumbi. E para fechar o turno, mais uma péssima partida, com falhas individuais e coletivas: derrota fora de casa contra o Bahia.

Reflete bem o primeiro turno são-paulino. / Foto: globoesporte.com

O grande pecado do tricolor nesta primeira parte de campeonato nacional foi perder pontos bobos em jogos contra adversários diretos na luta contra o rebaixamento. Lembro-me de uma conversa com amigos nas arquibancadas do Morumbi em que algum de nós alertava: “Perder ponto para Corinthians, Flamengo, Santos, fora de casa não é o erro. O problema é perder ponto pro Atlético-GO, Coritiba, Atlético-MG, ainda mais dentro de casa. São esses confrontos diretos que precisamos ganhar!”. É exatamente isso. Sabemos que qualquer vacilo no Brasileirão, um dos campeonatos mais disputados do mundo, pode ser fatal.

Para se ter uma ideia de como está embolado o campeonato, do São Paulo (17.º colocado) até o Coritiba (9.º) são apenas 6 pontos de distância. Contra os adversários dessa faixa da tabela, o tricolor conquistou 7 de 24 pontos possíveis. As derrotas para o Coxa e Atlético-MG e o empate contra o Fluminense, todos no Morumbi, foram pontos perdidos. Se eles viessem, estaríamos em condições muito melhores na tabela. Mas o “se” não joga. Portanto, fica a lição para o segundo turno. É preciso ganhar as partidas contra os adversários diretos! De nada adianta a vitória heroica contra o Botafogo, para, na partida seguinte, ser derrotado em casa em um jogo terrível.

Se levarmos em conta as campanhas de anos anteriores, o Tricolor precisa de mais 27 pontos (totalizando 46) para se salvar. Isso significa que, em 19 rodadas, serão necessárias 9 vitórias. Ou ainda, 7 vitórias e 6 empates. São diversas combinações, mas todas precisam resultar ao menos nos 47,3% de aproveitamento. Um pouco acima dos 33,3% do primeiro turno. A margem para derrotas é baixa, por isso a importância de não falhar nos confrontos diretos.

E para que a lição seja executada, é preciso mudar a postura. A confiança tem que aparecer, e é isso que esperamos nesta segunda parte da competição. Para os próximos jogos, a Comissão Técnica terá semanas cheias para trabalhar o elenco técnica, tática e emocionalmente. Não podemos cair no discurso de que “tem muito time pior”. Era dito o mesmo no ano passado em relação ao Internacional, que até então também nunca havia sido rebaixado (time grande cai sim).

Quem merece aplausos é a torcida são-paulina, que vem apoiando mesmo nesta fase terrível. Com recordes de público, mais uma vez será peça fundamental para que o clube se livre do risco de rebaixamento. Seguiremos assim até o final e a cobrança não deixará de aparecer posteriormente. O São Paulo precisa de mudanças!

A recepção é de Libertadores. Já o futebol… / Foto: Rubens Chiri

Em 2013 encerramos o primeiro turno com 18 pontos. Só nos salvamos graças ao “efeito Muricy”. Muitos já começam a fazer comparações e buscar, neste episódio, esperanças para que isso se repita em 2017. Porém faço um alerta: tal efeito é a exceção, não a regra.

Os resultados virão apenas com muito trabalho, mudanças (dentro e fora de campo) e vontade.

Que a confiança volte. Que a tranquilidade volte. E que o São Paulo Futebol Clube retorne a brigar pelo que merece. A mudança de postura precisa começar desde já!

Abraços, Guilherme Goya.

Twitter: @Gui__Goya

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