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O que o Botafogo procura?

Final do jogo contra a Ponte Preta e dois torcedores começaram a discutir e a ameaçar partir para a agressão por causa de um copo de cerveja. Os ânimos exaltados eram um reflexo da apatia que foi vista em campo por um bando de peladeiros de final de ano que, por algum acaso, vestia o manto alvinegro.

Naquela procissão que se torna a saída quando o resultado é decepcionante, uma senhora me abordou e disse, sabiamente: “Do jeito que o Botafogo é, capaz de vencer o Grêmio fora de casa. Mas tá nítido que falta qualidade ao time. Não precisava esse sufoco, meu filho”. Não há conheço e nem sei seu nome, mas a experiência dela em comprovar o óbvio e a serenidade em perceber que o maior rival do Botafogo é sempre o Botafogo, deixa claro o motivo de alguns ficarem tão felizes com brilharecos de um clube com uma linda história.

A torcida pode não ter esgotado todos os ingressos, mas compareceu em bom numero (12 mil presentes) e o apoio era irrestrito. Independente dos boatos ao longo da semana, não houve vaia a ninguém, nem a Renan Fonseca, que demonstrava insegurança e titubeava em alguns lances e até foi relativamente bem em outros.

Com o sistema defensivo combalido por causa de suspensões e contusões, sem Bruno Silva, vetado momentos antes, Jair Ventura colocou o lateral esquerdo Victor Luiz para jogar no lado direito e o antigo titular, Renan Fonseca, voltou a zaga. Quero acreditar que durante a semana que passamos em Várzea das Moças, Jair treinou com o Victor na direita todos os dias.

Victor jogava “torto”. Tinha dificuldade para dar sequencia aos lances, perdia tantos outros e acaba retardando os ataques. A Ponte Preta não demorou a perceber e começou a jogar por ali. O tal Clayson fazia um salseiro no sistema defensivo e a expulsão dele foi ótima, estava claro que nossa defesa ia sucumbir a qualquer momento a tanta velocidade nos contra golpes.

O gol saiu, fomos para o vestiário com um a mais em campo e no placar. Entretanto sempre tem uma vírgula para o Botafogo deste campeonato. Para o bem ou para o mal. O time voltou do vestiário numa apatia gigantesca. E tocava a bola descompromissado, como se o resultado estivesse assegurado. Era impressionante a quantidade de erros perdidos. O time sofria contra-ataques com um a mais. Não dá. Tomamos o empate e no frigir dos ovos acho que ficamos mais perto de perder que vencer este jogo.

Faltou ao Botafogo um pouco mais de volume, aproveitar o homem a mais e faltou ao seu treinador assumir o que procura neste campeonato. Nas duas últimas rodadas Jair teve tempo de sobra de treinar o time. Foi uma semana entre cada rodada. Tínhamos desfalques demais? Tínhamos. Mas houve tempo hábil para pensar em soluções. Após esse período de treino continua fazendo as mesmas substituições, transformando o time num 4-3-3 amalucado e sem ao menos tentar os demais reservas. Por que usar Vinícius Tanque se o time abusará dos cruzamentos para a área?

Na entrevista dada a rádio Globo/CBN no pós-jogo, Jair Ventura deu algumas desculpas e a minha sensação foi que a qualquer momento falaria que estávamos no lucro em escapar do rebaixamento num ano tão difícil. Não, não estamos no lucro. A grandeza do Botafogo exige mais, muito mais. Estamos a 3 pontos de uma vaga e tivemos 3 tentativas de sacramenta-la. Domingo teremos outra, diante de um adversário que ou terá sido campeão ou estará combalido por perdê-la, ainda que o confronto seja fora de casa.

Basta ao Botafogo e ao seu comandante um pouco menos de incompetência e um pouco mais de seriedade, de pensamento coletivo e de entender que o time precisa desdobrar-se fisicamente para compensar os desfalques e a deficiência técnica. Sem esse esforço não vai dar.

 

Escanteio curto:

  1. Confesso que tinha esquecido de como o Renan Fonseca é ruim.
  2. Sassá estava muito certo em reclamar com o time e do time.
  3. Alguém vai lá e culpe o Carli. Seu desfalque pesou muito.
  4. E o Bruno Silva, hein?!

 

Saudações alvinegras!

Alípio

(Twitter @alipiojr)

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