Entrevista com Marcelly Rodrigues, integrante do movimento Fechadas com o Santa.

 

1) Ante as últimas semanas se pode ver um movimento de torcedoras apaixonadas pelo Santa Cruz que juntas passaram a declarar seu amor pelo clube, tanto em redes sociais quanto em programas televisivos a nível estadual e nacional. Como surgiu essa união de mulheres em prol do Mais Querido? É um movimento ou uma Torcida Organizada?

R: #FechadasComOSanta é um movimento que surgiu através de duas torcedoras, Brenda Monte e Erika Monteiro, onde foi criado um grupo no Whatsapp com intuito de comentar sobre os jogos e, juntas, torcer pelo Santa Cruz. Com o tempo, surgiu a idéia de tirarmos fotos individuais e divulgarmos em nossas redes sociais colocando na legenda uma frase que falasse sobre mulher e futebol. Como a ideia veio após o jogo contra o Bahia, onde o gol do Bruno Moraes nos trouxe uma importante vitória, resolvemos fazer a foto “imitando” sua comemoração no gol. Estas fotos fizeram bastante sucesso e outras torcedoras repetiram o gesto. A partir de então, ficou decidido que iríamos homenagear um jogador a cada jogo, como forma de mostrar nosso apoio ao clube na caminha rumo à Série A.

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2) O momento do Santa Cruz é o melhor dos últimos dez anos. O movimento #fechadascomosanta começou em razão da atual situação ou veio para ficar?

#FechadasComOSanta veio pra ficar. O nosso amor pelo clube recusa ver resultados, é imenso. Continuaremos incentivando os guerreiros em campo.

 

3) Alguns cronistas da imprensa local, que não serão citados aqui por questões éticas, já opinaram que mulher não entende nada de futebol, jogador e esquema tático, denotando um pouco de preconceito. O que o movimento #fechadascomosanta tem a dizer para esses formadores de opinião?

Nós, mulheres, sofremos bastante preconceito e diversos constrangimentos dentro e fora do estádio. Preconceitos estes que vão desde “ela não entende nada de futebol”, “só vai a campo acompanhar o parceiro”, “Maria-Chuteira”, até o constrangimentos de ter que frequentar banheiros sujos, por exemplo. Somos testadas o tempo todo com perguntas típicas e repetitivas como: você sabe o que é impedimento?. Infelizmente, este preconceito vem até das pró prias mulheres. Mas é com grande satisfação que, cada vez mais, vemos a participação de mulheres em estádios de futebol e, aos poucos, estamos conquistando nosso espaço. O movimento #FechadasComOSanta vem recebendo um retorno bastante significativo, principalmente de nossa torcida, que vem nos apoiando desde o momento da primeira foto postada em redes sociais, e isso fez com que o movimento se tornasse um sucesso em pouco tempo. E nossa primeira campanha já foi uma resposta aos preconceituosos de plantão: “porque mulher também vive, entende e fala de futebol!”.

 

4) O Movimento #fechadascomosanta sente falta da presença feminina nos programas esportivos e na diretoria de futebol dos clubes?

Sim, queremos ver mais mulheres envolvidas no meio esportivo. Atualmente, já não é incomum ver mulheres apresentando programas esportivos, mas ainda é pouco, queremos mais, uma maior inclusão de mulheres nesse meio. Queremos ter voz dentro do clube, mostrar que podemos acrescentar e buscar melhorias. Como nós, torcedores do Santa Cruz, costumamos dizer: juntos somos mais fortes.

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5) No próximo ano o Santa Cruz Futebol Clube participará da divisão de elite do futebol nacional e sem dúvida terá ainda mais visibilidade nos meios de comunicação. O movimento #fechadascomosanta tem pretensão de divulgar a sua parceria com clube para que as mulheres que amam o Santa saiam de suas casas e passem a frequentar o estádio e apoiar o Mais Querido?

Com certeza. O movimento #FechadasComOSanta está apenas no começo. Em 2016, pretendemos ir ainda mais longe com nosso objetivo, que é mostrar que mulheres também entendem e vivem o futebol, fazer com que, torcedoras como nós, passem a frequentar ainda mais os estádios para apoiar seu time do coração sem medo do preconceito que nos rodeia. Continuaremos fazendo campanhas pra mostrar a todos a força e importância que temos para o clube.

 

6) Qual a opinião das participantes do movimento a respeito das torcidas organizadas e da liberação de bebida alcoólica nos estádios?

Achamos linda a festa que as torcidas organizadas fazem dentro do estádio, é um espetáculo, sempre apoiando e cantando durante os 90 minutos de jogo. A ideia é, justamente, essa, incentivar o time e dar um show na arquibancada. Acontece que, infelizmente, na maioria das vezes, a coisa se inverte e, o que vemos, são brigas entre torcedores que geram uma violência generalizada, usando como pretexto o nome do clube.Futebol não é isso! Lamentavelmente, isso faz com que a festa perca seu brilho, prejudicando o clube, visto que, por motivo segurança, muito torcedores se afastam dos estádios, deixando de prestigiar o time.

 

7) Qual o jogador do atual plantel do Mais Querido preferido do movimento das #fechadascomosanta?

Temos uma grande admiração pelo nosso paredão, Tiago Cardoso, por ele ter afinidade com nosso clube e estar presente desde nossa passagem pela Série D, até esse caminho percorrido à Série A, além de ser um líder dentro e fora de campo.

 

8) O que esperar do movimento #fechadascomosanta para 2016 e qual a mensagem que vocês tem para dar a torcida mais apaixonada do Brasil?

Em 2016, as #FechadasComOSanta continuarão apoiando, torcendo e vibrando com o clube.Já temos algumas ideias para o próximo ano. O Santa Cruz, mais do que nunca, precisa do apoio de sua imensa torcida. Como o objetivo é ter estabilidade na 1ª divisão e um maior número de sócios, iremos elaborar campanhas com o intuito de convocar a torcida ao estádio, além de, claro, continuar mostrando a todos que mulheres também entendem de futebol.

 

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