Mercado do Futebol

Vai e vem do mercado

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A janela de transferências do Náutico durante a gestão de Gláuber Vasconcelos (MTA) foi marcada por saídas precoces de contratações, muitas vezes, desnecessárias. Na crise que o Timbu vivia, era necessário reduzir o erro ao mais próximo de zero possível, mas, o planejamento financeiro do clube não foi respeitado e foram contratados 45 atletas em 2014 e 30 em 2015, desses, apenas 24 continuam no elenco – considerando que Jefferson Renan e Stéfano Yuri seguem junto ao grupo mas não atuam –. Com o fim da temporada se aproximando, o Náutico já desfaz e reformula o elenco.

No primeiro ano de gestão, o MTA trouxe os goleiros Júlio César e Alessandro; Alisson, Hélder Maurílio, Jackson, Rafael Cruz e Neílson, laterais-direito; Gerley, Raí, Roberto, Panda e Gastón Filgueira, laterais-esquerdo; para completar a defesa, os zagueiros Léo Kanu, Romário, Luiz Alberto, Edvânio, Leonardo Luiz, Mário Risso e Renato Chaves; os volantes Dê, Yuri, Zé Mário, Rodrigo Possebon, Zé Augusto, Paulinho, Luizinho Mello, Marcone e Gilmak; Pedro Carmona, Vinícius Vina, Vitor Michels, Diego Galo e Wangler, meias; e Hugo, Marcelinho, Marinho, Leleu, Roberson, Paulo Júnior, Geovane, Rodrigo Careca, Douglas, Tadeu, Sassá e Crislan para formarem o ataque do Timbu. Já em 2015, apenas Júlio, Gastón e Carmona permaneceram dentre os contratados, e o Náutico novamente trouxe atletas em excesso: o goleiro Rodolpho retornou ao clube; Bernardo, Lucas Farias e Gil Mineiro para a lateral-direita e Paulo Henrique para a esquerda; Ronaldo Alves, Fabiano Eller, Leandro Euzébio – que não atuou e foi dispensado por indisciplina –, Elivelton, Welton Felipe e Rafael Pereira na zaga; os volantes Fillipe Soutto, Anderson Preto, Marino, Willian Magrão, Caio Matias e Jackson Caucaia; os meias Patrick Vieira, Jefferson Renan, Hiltinho, Dakson e Guilherme Biteco e, para o ataque, Stéfano Yuri, Josimar, Douglas, Rogerinho, Bruno Alves, Bergson, Ronny e Daniel Morais.

No livro Náutico Analisado, Rodolpho Moreira Neto faz uma observação importante sobre a intertemporada do Náutico. “Ao fim dos torneios, com inúmeros jogadores ficando contratualmente livres, os quinze primeiros dias são marcados pelo constante ‘vai e vem’. No caso do Náutico, em anos de eleição, esses 15 dias são quase completamente ignorados. As duas últimas eleições, que aconteceram apenas no dia 15, colocaram o clube em atraso no processo de formação do plantel, e na metade de dezembro, boa parte dos jogadores qualificados já estão empregados ou com seu valor de mercado inflacionado pela competição” (trecho retirado do livro). Além de contratar tardiamente tendo menos opções e com preços mais elevados, o pouco tempo disponível para os novos reforços realizarem a pré-temporada são os maiores causadores das lesões no início do ano, algo recorrente no Náutico.

Alguns jogadores atuaram tão pouco pelo clube que chamaram atenção, dez deles estão relacionados aí, em breve os demais estarão tabelados também. A lista de dispensas “precoce” na gestão de Gláuber Vasconcelos (MTA) é encabeçada por Alisson, No dia 17 de janeiro de 14, ainda na pré-temporada, a diretoria do Náutico já havia comunicado a saída do lateral-direito Alisson. O jogador, que havia sido apresentado oficialmente pelo clube, sofreu uma lesão crônica na cartilagem do joelho direito e rescindiu amigavelmente com o clube. “O departamento médico passou pra ele a situação… Alisson assinou um pré-contrato, com uma cláusula que previa que, caso os exames acusassem alguma lesão, o acerto seria rescindido automaticamente”, garantiu o, até então, diretor de futebol, Lúcio Surubim.

No dia 13 de março de 14, o Náutico se desfez do seu primeiro jogador contratado para a temporada. O zagueiro Léo Kanu fez apenas uma partida com a camisa alvirrubra, a primeira do ano, na estreia do time pela Copa do Nordeste, o 1×1 contra o Guarany de Sobral. O zagueiro jogou por 70 minutos e desde então, não mais atuou, apesar de aparecer no banco de reservas nos dois jogos seguintes (Botafogo-PB e Sport, também pela Copa do Nordeste). “Já conversamos com o atleta e com o empresário dele. Já chegamos a um acordo e o Léo entendeu a situação”, disse Lúcio Surubim. O contrato do jogador iria até o final de 2014, mas existia uma cláusula em que era possível liberá-lo sem ônus nenhum ao Náutico. Com isso, Léo Kanu, que tem 26 anos, voltou ao Novo Hamburgo-RS, seu antigo clube.

Mesmo com passagem pelo Manchester United-ING, Rodrigo Possebon não permaneceu por muito tempo no Náutico. No dia 3 de janeiro de 2014, o volante indicado pelo técnico Lisca foi contratado pelo Timbu e desembarcou no Recife como titular numa equipe em formação, e assim foi até a 6ª partida do Náutico na temporada. Após 13 jogos no banco de reservas, o volante foi desligado do time. “No futebol, cada dia é uma surpresa e, às vezes, o jogador não depende só dele para dar certo ou não em um clube. Estou tendo a carreira que eu sempre quis, conhecendo pessoas novas e morando em lugares diferentes. Estou feliz no Náutico”, confessou o atleta, pouco antes de ser comunicado do desligamento.

O lateral esquerdo Gerley foi titular em nove jogos do Náutico, cinco pela Copa do Nordeste, um pela Copa do Brasil e três pelo Campeonato Pernambucano. O jogador não conseguiu ter sequência e foi muito contestado pela torcida alvirrubra por conta de várias más apresentações, então o Náutico negociou a devolução do atleta com o Palmeiras, clube detentor dos direitos federativos do jogador, que aconteceu no dia 08 de abril 2014. “O que nós queremos, na verdade, é uma troca. O contrato do Gerley é até o dia 31 de julho. O que pretendemos é ter um novo jogador do Palmeiras com o contrato por um tempo maior, se possível até o fim do ano. Nem precisa ser lateral-esquerdo como Gerley. Pode ser de outra posição. Ainda vamos avaliar a situação com Lisca”, explicou Lúcio Surubim.

Romário Leiria foi desligado do Náutico dia 28 de maio 14. O zagueiro veio do Internacional por empréstimo, mas jogou uma única vez, na Copa do Nordeste 2014, contra o Guarany-CE, por 17 minutos. Com uma trajetória marcada por lesões e depois de uma semana sem participar dos trabalhos com o clube, a saída de Romário não foi nenhuma surpresa para o torcedor Alvirrubro, mas, a intenção inicial do Náutico não era a dispensa do jogador. “Como ele e Zé Mário (que havia trocado o Náutico pelo Sport) pertencem ao mesmo empresário, acabaram sendo os dois devolvidos ao Internacional, que é o clube de origem. Queríamos que a nossa divisão do salário de Romário, junto com o Inter, ficasse mais leve para o nosso lado. Então, foi já na intenção de acertar tudo e assinar um novo contrato com o Inter e depois conosco. Não deu certo e ele já ficou por lá”, disse o presidente Gláuber Vasconcelos.

Após um Clássico das Emoções em 23 de março de 2014, na Arena Pernambuco, o lateral esquerdo e prata da casa, Izaldo Braz, viu sua vida mudar completamente. Por fazer um gol contra bizarro, o garoto foi notícia no mundo todo e passou um período de 8 meses afastado do futebol, mesmo continuando atleta do Náutico. Apenas em dezembro do mesmo ano, o lateral acertou com o Icasa na tentativa de dar a volta por cima. “Eu nem gosto de comentar aquele lance. Mas acho que fui injustiçado por algumas pessoas do Náutico. Vida que segue”, disse o garoto, lamentando a história interrompida no clube. Atuou em algumas partidas pelo Timbu, mas, após o ocorrido no Clássico, jogou apenas contra o Bragantino e se afastou até o empréstimo.

Na segunda feira, 11 de maio de 2014, o Náutico divulgou uma lista com oito nomes que entrariam no projeto de reformulação. O zagueiro Welton Felipe que fez cinco jogos com a camisa Alvirrubra, todos como titular e sem ser substituído, veio do Villa Nova-MG e assinou com o Náutico no início do ano, teve o contrato reincidido. Hélder Ribeiro, Gustavo Henrique (que têm contratos até o fim de 2016) e Danilo Quipapá (com vínculo até o final de 2015) foram disponibilizados para empréstimo. Já Joazi, Feliphe Gabriel, Rogério e Guilherme Dentão não atuaram em nenhuma partida e retornaram às categorias de base. “Começamos o processo de rescisão de Welton Felipe e existem outros jogadores, que são Danilo Quipapá, Gustavo Henrique e Hélder, que vamos disponibilizar para empréstimo. Entendemos que eles precisam de mais rodagem e experiência. Para isso, é necessário procurar um lugar onde eles possam, de fato, jogar”, afirmou o, até então, gerente de futebol Carlos Kila.

No mesmo dia, outra surpresa, sem sequer ter estreado com a camisa Alvirrubra, Bernardo deixou o Náutico. Após mais de quatro meses treinando no Náutico, o lateral-direito também teve o contrato rescindido. O jogador, que chegou a figurar na Seleção Brasileira sub-17 e atuou na última Série B pelo América/MG, chegou como aposta pro Náutico no campeonato mas foi apenas um mero espectador. Apesar do baixo salário – cerca de R$ 5 mil –, uma avaliação técnica mostrou que faltava força ao jogador.  O descrédito era tanto que a posição vinha sendo ocupada pelo meia Guilherme, improvisado (que ganhou a posição logo depois).

Enquanto a diretoria buscava reforços para o Náutico na disputa da Série B, o empresário do volante Anderson Preto procurou a direção alegando a intenção do jogador de buscar novos ares e oportunidades. Com apenas sete jogos disputados, sendo titular em apenas dois, e com um gol marcado, na vitória por 2×0 sobre o Brasília, pela Copa do Brasil, na Arena Pernambuco, o atleta não chegou a atuar em nenhuma partida do brasileirão e disputava vaga com Fellipe Soutto, Niel, João Ananias e os recém chegados Marino e Willian Magrão. “O jogador precisa ir pra um lugar onde receba oportunidades. Então, nós da diretoria deixamos tudo nas mãos dele… Faremos o processo de desligamento de uma maneira que seja boa para o jogador e para o clube”, garantiu o ex-diretor de futebol Paulo Henrique Guerra.

Prata da casa, a revelação da base, Igor Neves, chegou ao Náutico em 2010 e conquistou o Campeonato Pernambuco Sub-17 e o bicampeonato estadual Sub-20. Nesta temporada, o meia foi promovido ao profissional e no ano passado renovou o contrato com o Náutico até 2017. Contudo, não teve chances de atuar e a pedido do pai e empresário do jogador, Paulo Dutra, no dia 27/08/15 o acordo foi desfeito amigavelmente entre as partes. “Ele pediu para sair. Já estava muito vinculado ao profissional, mas o pai dele pediu para rescindir com o clube. E aceitamos desligar o jogador sem problemas”, explicou o vice-presidente do Náutico, José Barbosa.  O jogador agradeceu ao Timbu pelo período em que esteve no clube e foi confirmado o acordo amigável. “No momento, não estava vendo meu plano de carreira compatível com a ideologia do clube. Então, acho que foi um acerto de comum acordo”, afirmou Igor.

Recentemente, o jovem lateral-esquerdo Paulo Henrique, contratado no dia 8 de setembro para ser a “sombra” de Gastón Filgueira, titular absoluto e sem nenhum concorrente direto para a vaga, virou notícia quando, na suspensão de Gastón, ele não foi utilizado. Sua chance de estreia foi ocupada por Fillipe Soutto de maneira improvisada que, segundo Gilmar Dal Pozzo, estava “mais preparado” para a partida contra o Botafogo. Após essa partida, Paulo se juntou à equipe sub-20 durante os treinos, mas não demorou muito pra ser anunciado seu desligamento do clube. “Ele que nos procurou e pediu para deixar o clube. Desejamos sorte ao jogador”, disse Paulo Henrique Guerra, que garantiu que tudo ocorreu amigavelmente.

 

GRANDES PERDAS – As quatro perdas recentes que o Náutico mais lamentou, com certeza foram o meia prata da casa Marcos Vinícius, que tinha contrato vigente com o Timbu até o fim de 2015, mas, em abril desse ano, foi vendido ao Cruzeiro-MG, que ficou com 70% dos direitos econômicos do atleta.

Josimar, que em julho deixou o Náutico para defender o Al Fateh, da Arábia Saudita. O atacante ainda é o artilheiro da equipe na temporada, com oito gols marcados, mesmo sendo titular apenas durante a Copa do Nordeste e o Campeonato Pernambucano. “O empresário dele nos falou de uma oferta que é muito boa para ele. Um aumento considerável. Depois trouxe a proposta e nós o liberamos. Ele sai recebendo apenas pelos dias trabalhados no Náutico. Como Josimar era um empréstimo e não tinha nenhum valor envolvendo a vinda dele, não o compramos e o clube não vai receber. Como ele é um cara bom de grupo e muito profissional, resolvemos liberá-lo de maneira amigável. Ele também não estava sendo utilizado com muita frequência”, explicou Paulo Henrique Guerra.

Rogério estava emprestado ao Vitória-BA até 31 de dezembro deste ano, mas foi vendido pelo Náutico ao São Paulo-SP. “O Vitória está liberando o jogador para o São Paulo. Agora está só na fase da documentação”, afirmou o vice-presidente do Vitória, Manoel Matos.

A mais recente saída que gerou polêmica no clube foi inesperada e dividiu a torcida. Pedro Carmona chegou no Timbu em janeiro de 2014 e vivia seu melhor momento quando, num Clássico das Emoções, após uma dividida com Natan (Santa Cruz), rompeu dois ligamentos do joelho direito. Após a cirurgia, novas lesões impediram o meia de manter uma sequência. Depois de uma temporada de tratamento no Palmeiras, o meia reestreou no dia 2 de abril de 2015, mais de um ano depois, num jogo contra o Brasília pela Copa do Brasil, quando marcou o gol da vitória Alvirrubra.

Mesmo após a estréia, as lesões persistiram e o jogador passou uma temporada de 20 dias no Corinthians se tratando sem custos para o Timbu, retornando, segundo o DM do Alvinegro, apto para se reintegrar ao elenco. O meia Pedro Carmona se juntou ao elenco do Náutico na sexta-feira 2 de outubro e treinou normalmente com o grupo para estar a disposição do técnico Gilmar Dal Pozzo já no Clássico das Emoções dia 17, no Estádio do Arruda. O próprio jogador sinalizou que estaria apto para voltar aos gramados em 10 dias, “Volto ao Recife para treinar normalmente com o grupo, com bola. Essa primeira semana vai ser de adaptação para me encaixar com o todo mundo“, afirmou.

O que ninguém esperava era que, cinco dias depois da volta, a diretoria procurasse o atleta para informar que ele não faz parte do elenco para o fim da temporada. “Foi uma decisão da diretoria. O problema é que o jogador ainda precisará de um tempo para se recuperar fisicamente para jogar. Poderíamos ter ficado com ele, mas sem jogar. Vamos pagar a recisão, tudo certo. Mas a diretoria achou por bem afastá-lo“, explicou José Barbosa, diretor de futebol do Náutico, que finalizou dizendo: “As portas do Náutico estão sempre abertas pra ele, mas tomamos essa decisão no momento. Ele ainda precisaria de um tempo de fisioterapia. Para entrar no ritmo de competição, iria demorar um pouco, então, não tem motivos para ele continuar no clube“.

 

RENOVAÇÃO – A meta inicial, manter 50% do elenco fechado para 2016, foi por água abaixo. Hoje, numa visão mais realista, a diretoria do Náutico planeja iniciar a próxima temporada com 15 jogadores, inclusos os formados na base, que são sete: o goleiro Jefferson, o lateral-direito Guilherme, os volantes Niel e João Ananias e os atacantes Jefferson Nem e Renato. O zagueiro Flávio treina com a equipe sub-20 e o lateral direito David está emprestado.

Os nomes que estão na lista para renovação ainda são um mistério, mas sabe-se que as prioridades são o goleiro Júlio César e o atacante Bérgson, que tem seus vínculos encerrados no fim de 2015. “Nossa meta é manter uns 15 jogadores para o próximo ano. Leia-se: os nossos da casa e os que, de fato, nos interessam. Temos vários nomes em andamento”, revelou Paulo Henrique Guerra, diretor de futebol.

Os jogadores que tem contrato a partir da próxima temporada são o zagueiro Fabiano Eller, o meia Hiltinho e o atacante Daniel Morais, com contratos até o fim do Campeonato Pernambucano 2016; o goleiro Jefferson, os zagueiros Flávio e Ronaldo Alves e o lateral-direiro Gil Mineiro, com vínculo no clube até dezembro de 2016; o atacante Jefferson Nem, até junho de 2017 e o goleiro Bruno, o lateral Guilherme e o volante João Ananias, que têm contrato em vigor até dezembro do mesmo ano.

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