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Medalhão x Estudioso

O futebol brasileiro passa por um processo de mudança, que na qual abre dois caminhos. É dividido por dois perfis de técnicos: Medalhão e Estudioso.

O medalhão é o perfil que reina há anos no futebol brasileiro, usa sua experiência de jogador para administrar seu time na beira dos gramados. Utilizando seu instinto na maioria das ocasiões em parte tática. Sua experiência vivida no jogo é usada mais na gestão de grupo, em convivência e tirar o máximo de seus atletas. A causa pelo nome “medalhão” é pelo simples fato do técnico ser procurado por algo que ele fez há muito tempo (seu currículo) ou se tem uma história pelo clube.

O estudioso (se é que pode ser chamado assim) é o perfil do técnico que se dedica a parte tática, é detalhista e que tenta se aprimorar para poder chegar mais longe. Tendo a noção de que o futebol evolui e passa a procurar de uma fonte que possua uma crença futebolística ou até mesmo uma proposta de jogo vitoriosa (que jogue bem).

O estudioso pode sim arrancar o máximo do atleta, ser bom com o grupo.

As conquistas de Tite que pertence ao grupo estudioso faz com que ele seja um oráculo tático no Brasil. Pelo motivo simples de ter “acordado” alguns técnicos e fazerem melhor os seus trabalhos. Tirando um tempo para estudar e se aperfeiçoar. Pesquisar como o futebol é jogado hoje e tentar trazer para nossa área. A carência por esse perfil é muito grande para quem entende que estamos para trás, nota-se que estamos atrasados.

Não é por conquistas e sim por montagem de elenco, compactação e proposta.

Grandes clubes do Brasil vão mudando sua mentalidade e com isso encaixam grandes promessas e conhecidas pelo estudo como parte do futuro no clube: Flamengo mantendo Zé Ricardo que pegou um time bagunçado por Muricy (medalhão) e foi arrumando aos poucos. Usando conceitos táticos atuais e conseguiu levantar o time, o transformando em concorrente de título do Brasileiro; Atlético Mineiro anunciando Roger Machado que é o nome mais procurado no Brasil por ser um técnico bastante tático. Sua proposta resultou na conquista da Copa do Brasil pelo Grêmio, mas sob comando de Renato Portaluppi (outro medalhão) que aproveitou o time montado e foi mudando coisas específicas, dando seu toque; Palmeiras com a vinda de Eduardo Batista que fez uma ótima campanha com a Ponte Preta, dando trabalho para os que lutavam pela parte de cima da tabela; São Paulo anunciando Rogério Ceni que fez curso na Inglaterra. Conversou com técnicos de equipes da Premier League e com Jorge Sampaoli (Sevilla). Diz-se ser um técnico de ideias.

Cuca tendo bons trabalhos por onde passou, conquista de Libertadores e Brasileiro resolveu passar um tempo com a família e aproveitar para estudar. O atual campeão brasileiro decidiu que pode ir além, pode fazer melhor.

Renato Portaluppi atual campeão da Copa do Brasil diz: “Não preciso de estudo, me garanto…”
Sua declaração após o título reflete como é técnico medalhão. Dá a entender que é uma bomba relógio. Está ali enquanto os resultados forem positivos, que jogará não importando como. Independente da organização.
Sendo verdadeiro ou uma oportunidade de tirar sarro, esse tipo de declaração que entra na cabeça do pragmático já faz falar o tipo “tá vendo? Estudar pra que? Frescura de ler livro, viajar pra ver o que passa… o importante é vitória!”

Um bom exemplo de mudança de um perfil para o outro é o Dorival Jr (Santos). Está entre esses dois perfis por ser técnico há anos e que teve a humildade para entender que pode fortalecer suas ideias, conceitos e modo de ver futebol estudando. Juntou-se com um grupo de pessoas mais novas e foram juntos chegando a um bom trabalho até aqui. Levando o Santos ao vice-campeão do Brasileiro. Renovado mais um ano.

Em todo campeonato, seja por mata-mata ou pontos corridos, apenas um irá vencer. É capaz de não darem certo pelo simples motivo do resultado ser mais importante do futebol jogado. Se não for campeão, não foi bem. Mas já é um bom caminho andado por essa busca dos grandes clubes. Basta agora dar tempo de trabalho para esses técnicos, não leva dias para acertar um time e fazer com que jogue bem. Não são três ou quatro jogos que vão definir um trabalho, é uma temporada.

Não desmerecendo nenhum técnico medalhão. Foram grandes nomes, mas o futebol evolui, muda e eles não querem mudar junto. Sendo assim, abre o espaço para aqueles que enxergam a mudança e que desejam tornar o futebol brasileiro vivo novamente.

 

Por: Patrick Manhães

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