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Portuguesa: Voltaremos aos dias de glória, Lusa?

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Fundado em 14 de agosto de 1920, a Portuguesa, clube de muita tradição no cenário nacional, passa por um momento critico no cenário político e estrutural o que refletiu na briga até a última rodada para não cair na Série A2 do Paulista.

 

A Associação Portuguesa de Desportos, depois dos considerados grandes paulistas, é a equipe com mais tradição no estado, reconhecido pela força da sua torcida proveniente dos descendentes lusitanos, conquistas no cenário estadual e nacional, além de possuir vários atletas que serviram a seleção nacional, hoje vive em total descaso, vindo de gestões anteriores que derrubaram o nível da equipe.

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Fundada em 1920, com uma coalizão de clubes portugueses, teve seu primeiro momento de grandeza, em 1935/1936 com o bi-campeonato paulista, na década de 1950, o momento de maior destaque no cenário nacional, conquistando em 1951, títulos na Bahia e Minas Gerais enfrentando os três grandes na época (Bahia, Vitória e Ypiranga) e (América Mineiro, Atlético Mineiro e Cruzeiro), além de dois Torneio-Rio-São Paulo em 1952 e 1955, nessa época revelou jogadores como Djalma Santos, Juninho Botelho e Pinga, que são reconhecidos pelos seus feitos no futebol brasileiro e mundial.

Na década de 1970, podemos ressaltar o título paulista de 1973 juntamente com o Santos, após um erro de arbitragem na hora da contagem dos gols nas penalidades, na década de 1980, o meia Edu Marangon e o zagueiro Luis Pereira foram os expoentes da Lusa que em 1985 não teve seus jogos do Paulista transmitidos por não concordar com o valor pago ao clube perante as equipes grandes do estado.

No restante das décadas, podemos inferir o vice-campeonato brasileiro em 1996 comandado pelo jovem Rodrigo Fabri, vencendo o Cruzeiro na semifinal, que o presidente já havia cantando a vitória, calou o Mineirão, com uma vitória histórica por 3 a 0, em 2002 o primeiro rebaixamento na história, em 2007, o título da Série A2 do estadual com 16 vitórias em 27 partidas, a Barcelusa campeã da Série B nacional em 2011, com 23 vitórias em 38 jogos e o rebaixamento em 2013 para a Série B, após escalação irregular do meio-campista Héverton.

Portuguesa

Atletas e Técnicos como Zagallo, Roberto Dinamite e Rivellino desfilaram seu futebol e conhecimento nesta equipe, que não merece ficar aonde está.

FUTEBOL - PORTUGUESA - HISTÓRIA - ESPORTES - ACERVO - Zagallo, técnico da Portuguesa, no treino - Estádio Oswaldo Teixeira Duarte(Canindé) - São Paulo - SP - Brasil - Foto: Acervo/Gazeta Press

 

Série A2 2016 e Projeções:

No dia 3 de abril acabou a Série A2 com um melancólico 0 a 0 entre Portuguesa e Atlético Sorocaba no Canindé, a torcida teve um rápido momento de alívio por não ter sido rebaixado, entretanto logo se acendeu a ira, pois a grandeza da instituição é maior do que qualquer gestão e campeonato.

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A Portuguesa teve a pífia pontuação de 24 pontos em 19 partidas, dois pontos a menos do primeiro rebaixado Paulista de Jundiaí, com um futebol abaixo da crítica, não conseguiram montar nem uma base, muito menos um time titular que a torcida poderia confiar, o novo técnico terá muito trabalho na Série C, pois já houveram duas demissões, Estevam Soares e Ricardinho.

De modo geral, a equipe tem 40 dias, o que deveria ser o momento de montar uma equipe competitiva para a terceira divisão, será um momento de grande turbulência no cenário político, após uma grande pressão, o presidente Jorge Manuel Marques Gonçalves e o vice-presidente renunciaram seus cargos e as eleições segundo o estatuto deve durar cerca de um mês, durante esta época haverá um preocupação com a política e não com o futebol do clube, o tempo está correndo e isso será precioso no futuro.

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O que acontecerá com o Canindé? Infelizmente não temos resposta sobre o assunto, há uma grande expectativa do que irá acontecer, ano passado, a crise apertou e a Portuguesa quis penhorar o Canindé, no projeto haveria uma diminuição do público no estádio para 15 mil e empreendimentos ao redor que trariam lucro a equipe, contudo nada resolvido, para tentar amenizar o orçamento houveram cortes e alugaram o ginásio para uma igreja, o acordo já foi realizado e cumprido. Muitos não querem a penhora e por enquanto segue a indefinição.

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Será que a Portuguesa voltará aos tempos de glória? A resposta por enquanto é não, principalmente pelo motivo de “oligarquias” que se preocupam somente com os interesses próprios e não com a instituição Portuguesa, enquanto eles tiverem domínio sobre o clube, a torcida apaixonada da Lusa deverá sofrer, entretanto se aparecer alguém que consiga mudar este cenário e arrumar a casa, poderemos ver a Portuguesa no lugar que merece e a altura da sua grandeza.

 

Carta de Renúncia:

São Paulo, 30 de março de 2016

Carta aberta aos torcedores da Portuguesa

Venho, por meio desta carta, comunicar aos funcionários, associados, conselheiros e, especialmente, torcedores da Associação Portuguesa de Desportos, minha renúncia ao cargo de Presidente do Clube.

Tomei esta decisão antes da reunião do Conselho Deliberativo desta terça-feira, e preferi não comparecer à mesma para evitar constranger os diretores que estariam ali presentes.

Estava claro que a forma de convocação para esta reunião, fora dos prazos estatutários e dirigida a poucos conselheiros, tinha o objetivo de direcionar as decisões e precipitar minha saída.

Quando assumi o desafio de presidir a Portuguesa, há um ano, convidei pessoas de minha confiança e de competência comprovada para administrar o Clube. Por sermos um grupo pequeno, unimos forças com outras correntes políticas de forma a criar um planejamento para os 20 meses seguintes.

Traçamos metas para todos departamentos e conseguimos, em 12 meses, avanços significativos em diversas áreas. Estruturamos o departamento de Futebol e especialmente o Centro de Treinamento, que agora tem hotel para concentração dos atletas. Modernizamos o Marketing e as Comunicações, angariando receitas fundamentais e ampliando os canais de contato com o torcedor e com a imprensa, entre eles o programa de sócio-torcedor, que foi totalmente remodelado.

Profissionalizamos a área jurídica e contratamos assessoria especializada para acompanhar as diversas questões trabalhistas e tributárias, o que nos protegeu de repetir erros do passado. Reduzimos e otimizamos o quadro de funcionários, de acordo com as reais necessidades do Clube. Promovemos mais eventos, além daqueles já tradicionais, de modo a movimentar a área social e gerar receita.

Além dessas e de outras medidas, buscamos manter uma relação transparente com nosso torcedor, para resgatar a identificação e o orgulho ferido depois de tantos anos de notícias ruins.

Em alguns momentos, atingimos esse objetivo parcialmente, mas na maioria do tempo encontramos obstáculos enormes. Lutamos contra problemas antigos e atuais, internos e externos, com todas nossas forças.

Tive ao meu lado diretores íntegros e que enfrentaram, junto comigo, a desconfiança e a má vontade de boa parte daqueles que se julgam os grandes homens da Portuguesa. Por outro lado percebi, ainda que tardiamente, as mesmas atitudes traiçoeiras dentro da nossa própria diretoria.

Entendi, finalmente, que jamais seríamos aceitos. Não nos encaixamos nos parâmetros vigentes, em que o sobrenome correto ou determinadas relações pessoais definem seu destino político no Clube. Brigamos o quanto pudemos, mas esgotamos nossas forças. A Portuguesa, infelizmente, continua dominada pelas mesmas atitudes que a levaram a este estágio.

Enquanto nos aproximamos de um momento crucial, em que avançam as negociações para que nosso patrimônio imobiliário seja requalificado, interesses pessoais escusos ressurgem com força.

O mau rendimento dentro de campo criou o cenário desejado por alguns, e a falta de escrúpulos afetou a vida particular de dirigentes reconhecidamente honestos e trabalhadores, vítimas de vandalismo e ameaças. Entre inimigos conhecidos e ocultos, tornou-se impossível manter nosso projeto.

Gostaria de agradecer o apoio vindo dos associados e torcedores, que entenderam nossa mensagem e neste momento, compreensivelmente, estão revoltados e magoados com os resultados da equipe de futebol.

Agradeço principalmente aos funcionários, que mesmo com dificuldades e salários atrasados, e apesar dos homens da Portuguesa, trabalham com dignidade para manter o Clube funcionando. Vi exemplos de entrega e desprendimento que levarei por toda a vida.

Espero que esta decisão pacifique o Clube e que, com a minha saída, aquelas pessoas que não ajudaram, ou mesmo que tentaram colocar obstáculos, se sintam confortáveis para finalmente ajudar – pelo bem da Portuguesa.

Todos conhecem pessoas sérias e competentes que se afastaram do Canindé. Esta passagem pela presidência serviu para compreender melhor o que expulsou e segue a expulsar essas pessoas. A Portuguesa parece ter donos que, mesmo após apequenarem o Clube continuamente nos últimos anos, seguem se dedicando a dividir, rejeitando e inviabilizando qualquer tentativa de modernização e profissionalização.

Espero um dia ver essa Lusa moderna, e tenho certeza que isso só irá acontecer se nossa torcida e nossa coletividade estiverem sempre atentas e vigilantes em relação aos interesses do Clube.

Jorge Manuel Marques Gonçalves
Presidente

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